Os Meios de Comunicação Social na Família

Vai realizar-se no próximo sábado, dia 20 de Março, na Casa de Vilar, uma Jornada Diocesana promovida conjuntamente pelos Secretariados Diocesanos das Comunicações Sociais e da Pastoral Familiar. O tema em reflexão justifica por demais esta “parceria”. Com efeito, antecipando o tema apresentado por João Paulo II para a celebração do 38º Dia Mundial das Comunicações, a ocorrer no dia 23 de Maio de 2004, os dois Secretariados decidiram – e muito a propósito – aproveitar a oportunidade para suscitar uma primeira reflexão da mensagem, proposta pelo Santo Padre, sobre “Os Meios de Comunicação Social na Família: Um Risco e uma Riqueza”. O tema revela-se manifestamente oportuno e o seu conteúdo, sabiamente inspirado, constitui um convite dirigido a todas as famílias, para que reflictam sobre o uso que fazem dos meios de comunicação social e a forma como estes são tratados. Nos tempos que correm, dada a extraordinária expansão e a ilimitada disponibilidade com que se apresenta, todas as famílias, mesmo as de recursos mais minguados, têm acesso à comunicação social. Pode mesmo dizer-se que só em circunstâncias muito excepcionais, poderá encontrar-se uma família ou um indivíduo que não seja “atingido” pelos meios de comunicação. Atingido, para o bem e para o mal, nos seus critérios e convicções, nos seus princípios éticos e morais, nos seus valores, nos seus comportamentos. E se é certo que, por vezes, se sente enriquecido pela mensagem, outras vezes há que se sente “incomodado”, perturbado, até ofendido e insultado na sua própria dignidade, quando “é obrigado” a ouvir aquilo que não gostaria de ouvir. “Toda a comunicação social tem uma dimensão moral”, diz João Paulo II, “e todas as pessoas crescem ou diminuem de estatura moral” em consequência da dimensão moral da mensagem pelo comunicador. Daí a necessidade de se usar de sabedoria e discernimento na utilização dos meios de comunicação social, quer como comunicadores, quer como seus destinatários. Todos sabemos que somos poderosamente influenciados pelas mensagens, visuais ou/e auditivas, difundidas pelos meios de comunicação social, particularmente numa época, como a actual, em que, no frenesim da conquista de novas audiências, de novos mercados, de novos lucros e proveitos, de novas influências, se faz apelo a formas e processos de comunicação cada vez mais agressivos e contundentes. Para se atingirem os fins, não se olha à licitude dos meios. Como se vão exprimir essa agressividade e contundência? E de que natureza e dimensão são as “esquimoses” produzidas no corpo ou na intimidade de cada um de nós? Como é feita, por exemplo, a abordagem da família pelo meios de comunicação social? Qual é a imagem que a comunicação social dá sobre o matrimónio e a vida familiar? Serão normalmente realidades apresentadas por forma a destacar o amor, a fidelidade ao compromisso assumido pelos cônjuges, o perdão, a entreajuda e doação aos outros, o esforço para ultrapassar as tensões, as angústias, os conflitos, as derrotas, com o sentido da esperança no recomeço da caminhada? Ou, pelo contrário, serão com muita frequência, apresentadas (o matrimónio e a família) como realidades vetustas, caducas, definitivamente ultrapassadas, em que a fidelidade, o respeito mútuo, a cultura da vida, o amor conjugal, o vínculo familiar, a educação para a afectividade, já deram o que tinham a dar, perante os novos “valores” do aborto, do divórcio, da contracepção, da homossexualidade, tudo em nome dos novos direitos e das novas conquistas de um “novo humanismo”? A simples leitura da mensagem do Papa sobre “Os Meios de Comunicação Social na Família: Um Risco e Uma Riqueza” sugere-nos a urgente necessidade de todos fazermos uma reflexão, sóbria mas profunda, sobre o tema. Salcedas da Cunha, Voz Portucalense

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