Os ideais da Revolução Francesa resumem noção cristã de pessoa

Jornadas Teotonianas de Monção Os ideais, ditos da Revolução Francesa – liberdade, igualdade e fraternidade – resumem a «noção cristã de pessoa» defendeu João Manuel Duque, na conferência inaugural das Jornadas Teotonianas de Monção, que este ano, por vicissitudes várias, se apresentam em versão minimalista. O arcipreste de Monção, rosto da organização destas jornadas culturais que abriram com dois corais a oferecerem música aos participantes, frisou que o objectivo fundamental do evento é «encontrar a verdade do homem para o pôr a descobrir a sua grandeza e dignidade [que] tão desprezadas e vilipendiadas » têm sido. Classificando de «dramático » o panorama sobre o homem «pós-moderno», entende que a situação é fruto do seu «pseudo-ateísmo» que o afastou de Deus, de si mesmo e da sua verdade. Por isso, é urgente que «os profetas da verdade» anunciem aos homens a sua «grandeza e dignidade » de sujeito de direitos e deveres. O director da Faculdade de Teologia – Braga começou por sublinhar que os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade constituem a matriz cristã da Europa e, no fim de contas, corresponde à noção de pessoa da cultura ocidental. João Duque, citando pensadores laicos da actualidade, expressou o receio relativamente à possibilidade de se vir a arruinar esta noção de pessoa por causa da perda de impacto do cristianismo na vida das pessoas. Alguns – continuou o orador – entendem que não chega proclamar estes valores apenas do ponto de vista cívico, mas que a sua interiorização nas gerações futuras depende da força da tradição religiosa, com o cristianismo à cabeça. Num tempo em que expressões deterministas, em relação ao homem, voltam a ocupar um lugar cimeiro no pensamento de muitos, João Duque realçou que é de matriz judaico- cristã a noção mais profunda e ampla de liberdade. Criado por um Deus que, no limite, admite que a sua criatura o rejeite como seu criador e opte pelo pecado. Esta é a concepção mais profunda que elimina o deus manipulador e que permite ultrapassar a ideia de que o homem é mero peão do jogo dos deuses. Conforme explicou o professor de Teologia, «Deus é Senhor absoluto da sua vontade » e criou-nos à sua «imagem e semelhança», apresentando- se como um Deus pessoal. A noção de ser humano como «ser livre» surge na história da humanidade pelo cristianismo o que tem «efeitos » na organização social. Desta referência ao criador surge a noção da igualdade em dignidade para todos os seres por filiação. Quando se perde a noção desta igualdade de uma origem comum surgem os conflitos que esconde a capacidade abertura ao outro. João Duque assinalou que é na relação com Deus que se articula a relação com os outros. A consequência desta visão, para a comunicação inter-humana, é que o ser humano é mais pessoa quanto é mais para os outros e em relação aos outros. Por isso, sublinhou, ser livre e digno implica ser responsável e resposta aos outros, frisando que «o nosso viver mede-se por esta responsabilidade ».

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