Os desafios do SARS-CoV-2 e da COVID-19

Henrique da Costa Ferreira, Presidente da Comissão Justiça e Paz da Diocese de BragançaMiranda

O que é o Coronavírus-2, codificado como SARS-CoV-2 e originando a doença Covid-19, uma síndrome respiratória grave? Pelos vistos, ainda ninguém sabe bem o que ele é, tal é a dificuldade em arranjar um antídoto e uma vacina preventiva.

Também não se sabe a origem do vírus e, por isso, não é possível desconstruir a sua génese e constituição, tenha ela resultado de um processo de criação (se foi criado em laboratório, e, se tendo sido, foi um ato intencional ou um acaso acidental) ou de um processo de geração e mutação natural (se resultou de um uma metamorfose natural).

Apesar de cada uma das três teses acerca da origem do vírus ter muitos defensores, ainda não sabemos com certeza as causas da origem do mesmo. No último estudo, «The proximal origin of SARS-CoV-2», em  https://www.nature.com/articles/s41591-020-0820-9, publicado na Revista Nature (17-03-2020), os seus autores sugerem que, sem dúvida, o SARS-CoV-2 teve origem natural.

Certo parece ser que o primeiro caso de infeção, na China, foi registado em 17 de Novembro de 2019, e os líderes chineses terão ocultado a infeção e proibido os médicos de a divulgar até 5 de Janeiro de 2020 (Hong Kong South China Morning Post, em https://www.dn.pt/mundo/china-sabia-do-virus-desde-novembro-11924630.html, 22-03-2020, 22h29).

Estas limitações explicam por que é que os profissionais de saúde lutam, muitas vezes ineficazmente, contra o vírus e a respetiva doença, e explicam também por que é que o vírus se tem espalhado tão rapidamente face à mobilidade das pessoas num contexto de globalização do trabalho, do turismo e da economia.

Menos compreensível é a demora dos governos e sistemas de saúde em dotarem-se de meios auxiliares apropriados, tais como instalações hospitalares específicas, meios de diagnóstico, ventiladores, oxigénio e meios de proteção face ao contágio para os profissionais de saúde.

Perante esta «irracionalidade» face ao vírus e face à doença (embora se trate de uma espécie de pneumonia), é natural que se instale o medo, a angústia, a incerteza, o boato, o recurso ao sobrenatural, e seja instituído o distanciamento social através de medidas de emergência.

Estamos perante um fenómeno que só tem paralelo, nos últimos 100 anos, na febre de Dengue (2012 e 2013), de efeitos muito menos graves e mais controláveis.

A fé em Deus e a oração ajudar-nos-ão a superar esta crise do SARS-CoV-2 dando-nos força para resistir e para sermos solidários uns com os outros.

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Agência ECCLESIA

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