O padre Custódio Langane ficou órfão de mãe aos dois anos sem nunca o ter sentido. Essa relação encontrou-a em tias, avós e na madrasta, «que foi mãe»; por ter sido muito amado, aprendeu a amar. Mas foi também uma carência que aos 13 anos o levou ao local de sepultamento, às fotografias, aos livros que a mãe leu, e na ausência construiu uma relação que, afirma aos pacientes do IPO, pode ser redentora.
Escuta, compaixão e presença – são as três ferramentas que usa quando entra no lugar do silêncio, o quarto dos pacientes com quem ganha horas. É ali que confirma ser o amor a dar sentido à vida, mesmo quando a cura terapêutica não tem mais lugar. Procurar sentido nas relações, não deixar nada por dizer ou fazer, deixar legado, cultivar memórias, privilegiar o amor é o caminho para re-significar a dor no processo de luto.
Esta conversa com o padre Custódio Langane, que dá abraços sorri com vontade, tem lugar para a Carol e o sentido que os seus pais descobriram depois da morte da filha, para a mãe que quis deixar às filhas fotografias e receitas das comidas preferidas, também para o homem que no hospital voltou a casar com a ex-mulher porque, ao olhar para trás, quis corrigir o que acreditava ter feito errado.
