Cerca de 300 pessoas concentraram-se no passado sábado, junto ao Largo do Camões, em Lisboa, manifestando-se em defesa dos direitos dos imigrantes e exigindo a legalização de todos os trabalhadores estrangeiros que se encontram em Portugal. A concentração reuniu pela primeira vez, no terreno, associações de imigrantes de diversas nacionalidades, organizações religiosas e sindicatos. O Pe. José Gaspar, que falou em nome do Colectivo de Organizações Católicas para a Imigração (CORCIM), pediu “oportunidades iguais de realização, acesso ao trabalho sem discriminações na base do salário igual para trabalho igual, acesso à saúde, à educação e habitação”, independentemente da origem étnica ou nacional. No mesmo dia 31 de Janeiro, Jornada europeia pela legalização de todos os imigrantes, decorreram, por toda a Europa, manifestações semelhantes pelo reconhecimento dos legítimos direitos dos imigrantes. “Na Igreja ninguém é estrangeiro; e enquanto esta plena cidadania não existir na sociedade o cristão não pode estar de consciência tranquila”, explicou o Pe. José Gaspar. O CORCIM, para quem esta Concentração/Festa foi um teste à capacidade mobilizadora das associações de imigrantes, pediu à hierarquia da Igreja uma intervenção mais forte nesta matéria. “Preocupa-nos a dimensão acentuadamente securitária das leis da imigração; preocupa-nos a burocracia inadmissível que neutraliza o que de bom a lei ainda tem; preocupa-nos sobretudo a crescente hostilidade dos portugueses para com os estrangeiros”, disse o seu porta-voz. O ambiente de “rejeição crescente” dos imigrantes em Portugal foi duramente repudiado na intervenção do CORCIM. “A história demonstra que os povos que mais progrediram foram aqueles que melhor souberam acolher e integrar os imigrantes. Esta é uma boa razão para dizermos não ao regime de quotas irrealistas e imperativas em voga pela Europa e agora também em Portugal”, referiu o Pe. José Gaspar. “Não podemos tolerar os oportunistas, demagogos e populistas que continuam a ligar indevidamente imigração com crime, insegurança e desemprego só para arrebatarem mais uns votos”, acrescentou, em tom crítico.
