Organização do mundo do trabalho debatida nas Jornadas do ISET

O economista Abel Pinto criticou, em Coimbra, a organização do mundo do trabalho, considerando que acentua “uma cultura de gestão assente no medo e na subserviência ao chefe” e não privilegia uma cultura de excelência. O especialista falava nas Jornadas de Teologia organizadas pelo Instituto Superior de Estudos Teológicos (ISET) de Coimbra, subordinadas ao tema “Os leigos e o futuro da Igreja”. Pinto censurou um mundo do trabalho, característico do modelo económico dominante, “profundamente desigual” em termos remuneratórios e em que a facilitação dos despedimentos, ritmos intensivos de trabalho e “uma crescente precarização” são medidas apresentadas como necessárias para garantir a continuidade e competitividade das empresas. Assiste-se ainda – adiantou durante a comunicação que proferiu – a “uma acentuação duma cultura de gestão assente no medo, na subserviência ao chefe e numa postura acrítica ao que se passa na empresa”. Além disso, há “pouco estímulo à cultura da excelência e a que cada um dê o melhor de si, acompanhada por uma partilha mais equitativa do rendimento gerado em cada ano”. “Temos um mundo do trabalho em que a maioria das pessoas estão muito descontentes do ponto de vista material, nem sempre motivadas do ponto de vista técnico e profissional e muito revoltadas com a forma como são tratadas pela hierarquia das empresas e das organizações, desde a chefia imediata à gestão do topo”, sublinhou. De acordo com o economista, “a maioria dos trabalhadores encara o emprego, não como uma forma de realização pessoal e humana, mas como uma componente muito penosa da sua vida, mas da qual não pode fugir dado tratar-se da única via que lhes permite aceder ao dinheiro possível para assegurar a sua sobrevivência e do seu agregado familiar”. Segundo o antigo dirigente da Juventude Operária Católica e ex-sindicalista, “é possível construir empresas competitivas cuja gestão assenta em princípios éticos, contabilidade transparente. “É possível criar empresas competitivas e onde os trabalhadores sejam vistos como uma componente fundamental do seu investimento e não como componente de custo que urge racionalizar a qualquer preço”, sublinhou. D. Albino Cleto e D. Manuel Clemente, o presidente do Centro Nacional de Cultura, Guilherme de Oliveira Martins, e o professor universitário Adriano Moreira são alguns dos oradores nas jornadas que decorrem até Sábado no auditório do Instituto Português da Juventude. Redacção/Lusa

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