Luísa Gonçalves, Diocese do Funchal
Estamos sem vocações. São inúmeras as vezes que o ouvimos dizer de norte a sul do país, incluindo as ilhas.
Normalmente é pedido que rezemos para que o Espírito Santo desperte o coração, de um ou de uma jovem, para a beleza e a necessidade de servir o Senhor e a sua vinha.
Mas se é verdade que padecemos da falta de vocações, neste caso religiosas e sacerdotais, padecemos igualmente da falta de uma pastoral vocacional forte, que trabalhe com os jovens onde quer que eles estejam e que lhes apresente propostas novas, atrativas e não as mesmas de sempre.
Acho que todos concordam que o modelo atual foi chão que já deu frutos, mas as “arvores” estão em fim de vida. Assim sendo, só temos duas alternativas: ou replantamos o pomar, e corremos o risco de aqui a uns anos estarmos a passar pelo mesmo ou mudamos de árvores, leia-se estratégias, para que a colheita volte a ser fértil, pelo menos durante um longo período.
Talvez fosse tempo, aproveitando até todas as dinâmicas criadas pela JMJ, de rever esta realidade e de encontrar novas formas de abordagem, em que todos falassem a mesma linguagem.
Talvez fosse necessário discernir, à luz do Espírito Santo, o caminho que deveria ser seguido para nos levar a bom porto, sempre e de tal modo que entre o propor e o fazer não exista um fosso que parece impossível de ultrapassar.
Talvez fosse ainda tempo de união, de trabalho conjunto entre as várias pastorais ligadas aos jovens e os vários seminários, embora se tenham de ter em conta também as vocações tardias. Aquelas que não aparecem durante ou depois de concluída a catequese, mas meses ou anos mais tarde.
Por outras palavras, em vez de cada um ficar na sua “capelinha”, como se diz aqui na Madeira, talvez fosse bom passar à “igreja” e reunir esforços para que a novidade chegue aos que ainda vêm à casa do Senhor, mas sobretudo aos que não vêm, mas entre os quais poderá estar a tal vocação ou vocações que tanto desejamos.
Resumindo, é de facto importante a oração? Sim, é muito importante! Mas está visto que só isso não chega! É preciso fazer sentir, seja a quem for, que a vida dedicada a Deus e ao próximo não é melhor nem pior, mais feliz ou menos feliz do que todas as outras.
É preciso convencer quem está indeciso, ajudar quem tem certezas e isso só se consegue na proximidade do diálogo e do trabalho diário e constante.
A continuarmos por este caminho vai ser difícil acompanhar todas as outras propostas que chegam aos ouvidos dos e das jovens com a rapidez do som, levando-os por becos e travessas que não vão dar à Messe, que tanto precisa de operários.