Capelães militares reuniram-se para celebrar o padroeiro, São João de Capistrano, em Santa Maria da Feira, num encontro que contou com uma comunicação sobre exercer esta missão na atualidade

Santa Maria da Feira, 24 ou 2025 (Ecclesia) – O bispo das Forças Armadas e de Segurança destacou esta quinta-feira o papel dos capelães militares, que devem estar presentes junto dos que mais sofrem, numa celebração em Fiães, Santa Maria da Feira.
“A missão do capelão é estar onde o sofrimento grita. Não é apenas acompanhar, é entrar no coração dos homens”, afirmou D. Sérgio Dinis, na homilia da Eucaristia enviada à Agência ECCLESIA, presidida pelo bispo do Porto, D. Manuel Linda, antigo bispo do Ordinariato Castrense.
Os capelães militares de Portugal reuniram-se para celebrar o padroeiro, São João de Capistrano, sacerdote da Ordem dos Franciscanos Menores, e participaram num encontro fraterno e de reflexão, convocado por D. Sérgio Dinis.
Na Missa, o bispo das Forças Armadas e de Segurança sublinhou que é vocação dos capelães militares “entrar no coração de cada homem e mulher” que lhes são confiados.
“Mas, para isso, é necessário carregar sobre os nossos ombros as suas cruzes. Temos de ser presença de Cristo que não passa e não foge, mesmo quando tudo parece perdido”, referiu.
O bispo lembrou o padroeiro São João de Capistrano que “soube unir a palavra ao exemplo”.
“Jurista e pregador, reformador e missionário, foi também homem de combate – mas combate espiritual, travado com a força da fé. Quando empunhou a cruz no campo de Belgrado, não o fez para destruir, mas para defender a dignidade do homem e a fé da Igreja”, recordou.
“Assim também a nossa presença entre os militares, polícias e civis não deve ser bênção à violência, mas um testemunho da paz que brota do Evangelho”, defendeu D. Sérgio Dinis.
A homilia ficou também marcada pela referência ao padre Benjamim de Sousa e Silva, capelão natural da terra, que recentemente “entrou na reforma, mas são abandona o serviço”, realçou o bispo, uma vez que “o amor, quando é de Deus, nunca se reforma: apenas muda de forma”.
“Na cruz que lhe será entregue no fim da celebração, está inscrita toda uma vida: anos de presença fiel, de palavra oportuna, de oração silenciosa. Esta cruz não é um prémio — é um envio. É sinal de que o serviço continua, porque o Evangelho não conhece reforma nem descanso”, disse.
Além da Missa, o dia contou com o acolhimento na Igreja Paroquial, seguido de um almoço, sendo que a tarde foi dedicada a momentos de partilha e confraternização, incluindo uma visita ao Museu de Lamas.
O padre Benjamim Silva foi o responsável por, antes da celebração eucarística, abordar o tema “Ser Capelão Hoje: Experiência e Desafios”, salientando a importância de viver a pastoral “de coração aberto” e reconhecendo o trabalho e a dedicação dos capelães, que muitas vezes enfrentam uma sobrecarga que pode gerar um “sentimento de vazio”.
“Somos quase todos heróis”, disse, reforçando que o capelão deve viver o serviço de forma plural, em comunhão, seguindo o exemplo de um Deus que é “comunhão de vida”.
Falando sobre as transformações rápidas na Igreja, que podem levar a um sentimento de “desconcerto” nos mais velhos, o sacerdote indicou que a “âncora é o Senhor” e enfatizou a necessidade de escutar a palavra e o “silêncio” para cuidar dos mais frágeis.
Além disso, o desafio de “saber comunicar, sem corantes nem conservantes”, e o cuidado com a “aparência” em detrimento do “ser” foram pontos abordados.
O padre Benjamim Silva partilhou ainda as suas experiências em missões internacionais, manifestando a felicidade sentida neste serviço, tendo deixado um apelo para se continuar a lutar pelo acompanhamento dos militares nas Forças Nacionais Destacadas (FND), captando-os numa “pedagogia de acolhimento” e de proximidade.
LJ/OC


