Ordens e Congregações Religiosas na I República

A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) apresenta esta Segunda-feira, em Fátima, o estudo “Ordens e Congregações Religiosas no contexto da I República”, editado pela Gradiva.

No centenário da República, o livro recorda que uma das primeiras medidas tomadas após o 5 de Outubro de 1910 foi a expulsão dos religiosos, apresentada como “um momento de sombra” na revolução. O estudo apresenta-se ao público com o objectivo de se constituir como uma oportunidade de “informação, debate e esclarecimento desta questão mais sensível”.

A obra foi coordenada pelos historiadores José Eduardo Franco e Luís Machado de Abreu, e teve o contributo dos próprios e dos investigadores João Francisco Marques, Nuno Estêvão Ferreira, António Araújo, Fernando Catroga, Augusto Moutinho Borges e Cristiana Lucas.

Na introdução, afirma-se que “as Ordens Religiosas fazem parte, desde os primórdios da nacionalidade, da história religiosa, social, cultural e política de Portugal. Pertencem a um processo global em que o caso português acompanhou, participou e se confundiu com a gestação da própria consciência cultural europeia”.

A pertinência deste estudo, assinalando uma efeméride centenária, justifica-se pela “presença antiquíssima e contínua das ordens na vida nacional, e a sua rejeição violenta e radical nos contextos revolucionários de implantação da Monarquia Constitucional e da República”.

Partindo de formações académicas tão diversas como a formação histórica, filosófica, jurídica, teológica e em Estudos Clássicos, os autores “procuram construir uma leitura aberta e plural da presença das ordens e congregações nas dinâmicas socioculturais da sociedade portuguesa”, explicam José Eduardo Franco e Luís Machado de Abreu.

Os coordenadores da obra sublinham que “no conjunto de estudos aqui reunidos houve o propósito de contribuir para o conhecimento mais preciso e esclarecido de algumas coordenadas históricas das ordens e congregações em Portugal, tanto na dimensão religiosa e eclesial como na inserção nas complexas dinâmicas sectoriais e globais do mundo contemporâneo”.

Para o presidente da CIRP, Pe. Manuel Barbosa, “a presente obra pode ser um contributo para que as Ordens e Congregações em Portugal, incluindo a fecunda significância do silêncio contemplativo dos irmãos e irmãos dos mosteiros de clausura, se deixem interpelar pela sociedade de que fazem intrinsecamente parte e assumam novos dinamismos de presença interventiva na mesma”.

No prefácio do livro, esse responsável indica que “ao assinalar os cem anos da expulsão das Ordens e Congregações em Portugal, através desta publicação, a CIRP tenta responder à exigência da sua missão e à urgência da renovada presença dos Institutos Religiosos em Portugal, atentos aos novos sinais dos tempos em atitude de abertura à mudança, sempre na fidelidade ao Espírito de Jesus Cristo e na comunhão eclesial, sempre em espírito de tolerância e de testemunho da liberdade, sempre na afirmação plural dos seus carismas”.

Além do estudo, a CIRP vai realizar outras duas iniciativas em 2010, também propostas para integrar a programação oficial das celebrações do Centenário da República: o Congresso Internacional “Ordens e Congregações Religiosas em Portugal. Memória, Presença e Diásporas”, a decorrer na Fundação Gulbenkian, e o “Dicionário Histórico das Ordens: Formas de Vida Consagrada Católica em Portugal”.

O posfácio do estudo é assinado por António Pedro Barbas Homem, Vice-reitor da Universidade de Lisboa, o qual fala numa obra “que vai marcar o panorama editorial português”.

“Ao proceder-se a uma releitura do legado histórico das Ordens e Congregações Religiosas, especialmente no liberalismo oitocentista, permite-se um juízo acerca de um grande arco temporal da história de Portugal, o qual nomeadamente evidencia a importância daquelas instituições no campo do ensino e da instrução, da assistência na saúde e na velhice, no apoio aos órfãos e outras pessoas frágeis da sociedade – sem descurar obviamente a formação cristã”, escreve.

Do mesmo modo, prossegue, “descreve-se com atenção a legislação e a prática republicanas em relação às Ordens e Congregações e à Igreja, em geral, e apontam-se as consequências para a sociedade e para a Igreja das transformações republicanas”.

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