Ordem dos Médicos alerta para «banalização» do aborto

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que realizar interrupções voluntárias da gravidez medicamentosas em centros de saúde “pode banalizar o que não se deve” e acarreta responsabilidades para os médicos de família para as quais não foram preparados. Esta posição de Pedro Nunes é oposta à defendida pelo presidente do Colégio da Especialidade Ginecologia/Obstetrícia da Ordem, Luís Graça, que, em declarações à Lusa, considerou que cerca de 90% das IVG químicas (com medicamentos), “tirando os 10 ou 12% de casos eventualmente problemáticos”, deveriam ser realizadas em centros de saúde porque é nesses locais que se encontram os “médicos que melhor conhecem a população” e por se tratar de um acto médico simples. O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, confirmou hoje que o centro de saúde de Viana do Castelo e mais “três ou quatro” estabelecimentos do norte do país deverão começar a efectuar abortos a pedido da mulher em Setembro. Em declarações à Agência Lusa, o bastonário Pedro Nunes, refere que a realização de abortos fora dos hospitais é má em vários aspectos: “”stimula as pessoas a considerar banal o que não deve ser banal, impõe uma pressão sobre os médicos de família insustentável, obriga-os a assumir responsabilidade para as quais naturalmente não foram treinados e a proximidade ao doente dificulta-lhes a alegação de objecção de consciência, ao contrário de um médico hospitalar”. “Se algum destes médicos se sentir capacitado e o quiser fazer, ninguém o impede, mas sistematicamente não podem ser obrigados a fazer algo para o qual não tiveram treino específico”, argumentou Pedro Nunes, considerando que todos estes “mecanismos convergem para uma eventual facilitação da IVG”. O responsável sublinhou ainda que o sistema público não pode dar uma “falsa segurança em algo que pode não ter os níveis de segurança que seriam desejáveis”, reportando-se ao facto dos centros de saúde não disporem de equipamentos que resolvam eventuais complicações nas IVG. “A Ordem dos Médicos vê com preocupação que possa haver um aumento de riscos e lembra que tem de haver uma articulação perfeita entre os serviços de medicina geral e familiar e os serviços hospitalares”, sublinhou. Redacção/Lusa

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Agência ECCLESIA

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