Opus Dei: Responsável mundial diz que momento de mudança na prelatura deve ser vivido com unidade e em «obediência» ao Papa

Mons. Fernando Ocáriz sublinha «prioridade de chegar a todos», em linha com os pedidos de Francisco

 

Lisboa, 19 out 2023 (Ecclesia) – O prelado do Opus Dei disse à Agência ECCLESIA que o objetivo da prelatura é “chegar a todos”, promovendo uma maior responsabilidade de todos os seus membros na vida da Igreja, em resposta aos desafios lançados pelo Papa Francisco.

“A prioridade é chegar a todos, sem excluir ninguém. Cada pessoa é preciosa e única aos olhos de Deus. Devemos ter pressa, uma pressa serena, para não deixar ninguém sem a possibilidade de conhecer Jesus Cristo, com a ajuda da nossa oração, do nosso trato, da nossa amizade sincera”, referiu mons. Fernando Ocáriz, em entrevista a respeito da sua passagem por Portugal.

O responsável mundial sublinha o “desejo profundo do Papa para o Sínodo”, que está a decorrer no Vaticano: “Mostrar que a responsabilidade de fazer avançar a Igreja não é exclusiva dos bispos, dos sacerdotes ou dos religiosos, mas de cada um e de cada uma dos batizados, caminhando juntos”.

A prelatura vive um momento de mudança, trabalhando com o Dicastério para o Clero para uma proposta de modificação dos seus Estatutos, a entregar ao Papa Francisco.

“Procuramos seguir as disposições do Santo Padre com sincera obediência filial, e com o desejo – como o próprio Papa Francisco recordou – de que sirvam para reforçar os aspetos essenciais do Opus Dei, que estão contidos no seu carisma”, indica o prelado.

Para mons. Fernando Ocáriz, é importante que os membros do Opus Deis estejam “muito unidos, precisamente nesta obediência sincera, seguindo o exemplo de São Josemaria e dos seus dois primeiros sucessores”.

Questionado sobre algumas manifestações públicas de discordância e desagrado com as novas medidas promovidas pelo Papa, relativamente às prelaturas pessoais e ao Opus Dei, em particular, o entrevistado considera “compreensível” que surjam “perguntas, dúvidas e preocupações”.

O prelado do Opus Dei lamenta, no entanto, “certas interpretações que foram publicadas, de cariz mundano, como se se tratasse de ‘ganhar ou perder poder’, coisa que na Igreja não faz sentido”.

Para o responsável, a realidade da prelatura “é anterior ao enquadramento canónico, e é a razão de ser do Opus Dei”.

“Esta instituição foi, desde o início e com crescente desenvolvimento ao longo do tempo, uma família no Povo de Deus, formada por mulheres e homens, leigos e sacerdotes, com unidade de vocação, de formação e de espírito, com uma ação complementar e não concorrencial com a das dioceses e paróquias, permanecendo os seus membros leigos plenamente fiéis das suas dioceses e paróquias”, precisa.

Mons. Fernando Ocáriz nasceu em Paris a 27 de outubro de 1944, filho de uma família espanhola exilada em França pela Guerra Civil (1936-1939); é prelado do Opus Dei desde 23 de janeiro de 2017.

Opus Dei é uma prelatura pessoal da Igreja Católica – figura pastoral prevista no Concílio Vaticano II – que “sensibiliza” os cristãos para a importância religiosa da “vida corrente do dia-a-dia, na família e no trabalho”, e oferece uma proposta formativa, teológica, espiritual e apostólica, que passa por retiros, aulas de formação, círculos sobre temas de vida cristã, e acompanhamento espiritual pessoal.

OC

De 4 a 9 de outubro o prelado do Opus Dei esteve em Portugal, numa visita que passou por Fátima e Lisboa.

“Sinto-me ‘em casa’ porque já estive muitas vezes em Portugal – também a rezar em Fátima – e porque no Opus Dei há muitas portuguesas e portugueses. O Opus Dei está em Portugal há mais de 75 anos, e os seus membros procuram ser, na Igreja e na sociedade, fermento na mass”, refere mons. Fernando Ocáriz.

O responsável destaca a importância de que haja leigos que se dediquem a atividades e serviços próprios da pastoral eclesial. ”

“Não se trata de uma relação com Deus de tipo intimista, sem consequências externas, mas de uma relação que leva a identificar-se cada vez mais com Jesus Cristo e, como Ele, a dar-se à própria família, aos amigos e vizinhos, aos colegas de trabalho”, sustenta.

Questionado sobre o impacto da JMJ 2023 na relação entre a prelatura e as novas gerações, o entrevistado começa por felicitar a organização do encontro mundial de Lisboa e sublinha o “novo impulso que uma JMJ traz a muitos caminhos da Igreja, incluindo o Opus Dei”.

“A JMJ foi, acima de tudo, um momento em que Jesus Cristo se tornou presente de uma forma especial e desvelou o seu rosto simultaneamente amável e exigente”, acrescenta.

O prelado do Opus Dei convida a um discernimento vocacional, de cada jovem, e refere que os universitários têm um chamamento especial para “encontrar formas de harmonizar a fé com a cultura e a ciência”.

«Na Igreja, primeiro é a vida, depois a norma» – mons. Fernando Ocáriz

 

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Agência ECCLESIA

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