Representante da Santa Sé participou na Argentina numa sessão da Organização Mundial do Comércio
Buenos Aires, 13 dez 2017 (Ecclesia) – O porta-voz do Vaticano junto das Nações Unidas alertou hoje esta terça-feira Buenos Aires para a necessidade de dar mais equilíbrio e justiça às atuais políticas comerciais, geradoras de “desigualdade e exclusão social”.
Num depoimento feito durante um congresso da Organização Mundial do Comércio a decorrer na Argentina, publicado pela Rádio Vaticano, o arcebispo esloveno D. Ivan Jurkovic denunciou as práticas económicas que hoje continuam a “ofender a dignidade humana e a ameaçar o bem-comum da humanidade”.
“A economia mundial precisa de um modo mais eficiente de interação, que salvaguarde a economia e a sustentabilidade de todos os países, não apenas de alguns”, apontou o observador permanente da Santa Sé junto da ONU, num discurso enviado hoje à Agência ECCLESIA.
O congresso da WTO, que termina esta quarta-feira na capital argentina, tem como objetivo envolver os responsáveis mundiais na construção de políticas de comércio mais justas.
De acordo com a Santa Sé, é essencial “criar um sistema comercial multilateral e inclusivo, guiado pelo espírito da solidariedade, que favoreça a abertura em vez da defesa de posições privilegiadas”.
Só assim será possível “salvaguardar a posição dos países mais pequenos e menos desenvolvidos”, sustentou D. Ivan Jurkovic, que recordou ainda que “o objetivo das instituições multilaterais é buscar o bem-comum, respeitando a dignidade de cada pessoa”.
Nesta perspetiva, aquele responsável abordou temáticas como a agricultura, o papel das mulheres, o comércio online e a pesca.
No campo da agricultura, porta-voz da Santa Sé fez notar que “apesar do crescimento que se tem verificado no setor, continua a ser muito difícil garantir a segurança alimentar nomeadamente nos países em vias de desenvolvimento”.
“Mais de 800 milhões de pessoas permanecem hoje vítimas da fome e da subnutrição em todo o mundo”, lembrou D. Ivan Jurkovic, que defendeu a necessidade de “promover o desenvolvimento agrícola nas nações mais pobres, em especial de uma agricultura de pequena escala, mais adequada à realidade de muitos desses países”.
No que toca às mulheres, o observador permanente da Santa Sé junto da ONU salientou “o papel fundamental” que elas desempenham “não apenas no desenvolvimento das famílias mas também de todo o sistema económico”.
“Estudos indicam que quanto maior é a participação das mulheres mais forte é determinada economia, e mais equitativa é a sociedade. No entanto, as mulheres são hoje frequentemente alvo de discriminação e exclusão, particularmente no que toca à educação”, denunciou o representante do Vaticano.
JCP