ONU: Vaticano diz que guerra na Ucrânia «tem de terminar agora»

D. Paul Richard Gallagher pediu «solução de dois Estados» para Israel e Palestina, alertando para crises em vários países, incluindo Moçambique

Foto: Lusa/EPA

Nova Iorque, EUA, 30 set 2025 (Ecclesia) – O Vaticano defendeu um cessar-fogo imediato para a Ucrânia e o Médio Oriente, alertando para a guerra e crises humanas que afetam vários países, incluindo Moçambique.

“Esta guerra [Ucrânia] tem de terminar agora. Não num momento indefinido no futuro, mas agora mesmo. A cada dia que passa, o número de vítimas aumenta, a destruição alarga-se e o ódio aprofunda-se. Cada dia sem paz rouba algo a toda a humanidade”, disse o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, ao intervir esta segunda-feira no debate geral da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.

O representante diplomático da Santa Sé falou da guerra em larga escala na Ucrânia, após a invasão russa de fevereiro de 2022, como “uma das mais profundas e dolorosas” da humanidade.

“A sua prolongada existência está a transformar cidades outrora vibrantes em montes de escombros e a extinguir os sorrisos de crianças que deveriam estar a crescer a brincar, em vez de viverem entre o som constante de sirenes e em abrigos”, sustentou.

Por esta razão, a Santa Sé renova o apelo feito pelo Papa Leão XIV para um cessar-fogo imediato, que abrirá caminho para um diálogo sincero e corajoso. Só assim o clamor das armas poderá ser silenciado e as vozes da justiça e da paz poderão ser ouvidas.”

Falando na sede das Nações Unidas, D. Paul Richard Gallagher pediu que os responsáveis internacionais sejam capazes de “rejeitar a passividade e a dar um apoio concreto a qualquer iniciativa que possa conduzir a negociações genuínas e a uma paz duradoura”.

“Chegou o momento de defender a paz e rejeitar a lógica do domínio e da destruição”, insistiu.

O secretário do Vaticano para as relações com os Estados afirmou ainda que está a “acompanhar de perto” a situação no Médio Oriente, tendo em vista a “alcançar uma paz justa e duradoura entre Israel e a Palestina, com base numa solução de dois Estados, em conformidade com o direito internacional e todas as resoluções relevantes das Nações Unidas”.

“Além disso, uma solução equitativa para a questão de Jerusalém, baseada em resoluções internacionais, é essencial para alcançar uma paz justa e permanente. Qualquer decisão ou ação unilateral que altere o estatuto especial de Jerusalém e o status quo é moral e legalmente inaceitável”, acrescentou.

O chefe da delegação da Santa Sé aludiu à situação na Síria e à crise em vários países africanos.

“O Sahel, Cabo Delgado e algumas áreas do Corno de África emergem como zonas de instabilidade. De facto, a ameaça jihadista, a pobreza endémica, o tráfico ilícito, a crise climática e os conflitos internos convergem numa espiral que coloca em risco a vida de milhões de pessoas, apesar dos esforços dos governos locais”, advertiu.

A intervenção denunciou ainda a deterioração da situação no leste da República Democrática do Congo (RDC) e o “conflito fratricida” no Sudão.

O arcebispo britânico aludiu ao “aumento das tensões” no Mar das Caraíbas, pedindo “moderação para evitar quaisquer ações que possam desestabilizar a coexistência entre as nações e comprometer o direito internacional”.

D. Paul Richard Gallagher assinalou também que, em várias partes do mundo, particularmente na América Latina, “o tráfico de drogas está a corroer as sociedades e a causar violência extrema”.

O discurso, proferido esta segunda-feira, falou da “dramática situação” no Haiti  e das “situações de instabilidade e conflito” no sudeste asiático.

OC

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