Igreja Católica sublinha drama dos que são obrigados a deixar a pátria e os seus entes queridos «para trás»
Genebra, 09 out 2014 (Ecclesia) – O representante permanente da Santa Sé nas Nações Unidas defendeu esta quarta-feira, em Genebra, a urgência de acompanhar os crescentes fluxos migratórios com medidas que ajudem a proteger os migrantes e as suas famílias.
Num encontro internacional dedicado a esta matéria, na sede na ONU, D. Silvano M. Tomasi recordou que “através do seu trabalho, dos impostos que pagam, dos novos negócios que criam e da variedade de serviços que providenciam”, estas pessoas “dão um contributo económico e social positivo nos países de acolhimento”.
No entanto, nem sempre colhem os “benefícios” devidos desse esforço e, ao mesmo tempo, veem na sua pátria as suas próprias famílias, “os seus filhos e parentes ficarem na sombra privados da sua presença e afeto”.
“Embora a parte financeira seja importante para os migrantes melhorarem a saúde e educação das famílias”, o arcebispo italiano alerta que “ela não compensa outro tipo de necessidades”, que só um pai ou uma mãe por exemplo podem dar, como “amor, formação para os valores, para a integridade e responsabilidade”.
Para aquele responsável católico, “o vazio que um pai ou uma mãe sentem ao terem de sair do seu país mostra a ambivalência da emigração e do direito fundamental que deveria ser poder permanecer na pátria com dignidade”.
Daí que também “as crianças, bem como os idosos e os cônjuges deixados para trás devam constituir prioridades em qualquer política migratória”, sustentou.
“Como o Papa Francisco recentemente disse”, prosseguiu D. Silvano M. Tomasi, “é necessário responder à globalização da migração com uma globalização da caridade e cooperação, de modo a tornar mais humanas as condições dos migrantes”.
“Ao mesmo tempo, é fundamental redobrar esforços na resposta às circunstâncias que levam essas pessoas a terem de abandonar as suas casas, muitas vezes devido à guerra ou à fome”, citou ainda.
Segundo o representante permanente da Santa Sé nas Nações Unidas, são essenciais ainda medidas que ajudem as famílias tocadas pela necessidade de emigrar “a permanecerem juntas”.
Nesse âmbito, falta "um enquadramento transnacional que garanta maior flexibilidade à movimentação das pessoas, especialmente nos países onde hoje a entrada das famílias dos migrantes esteja legalmente barrada”, complementou.
“Os Estados e a sociedade civil devem sentir-se impelidos, a bem do seu próprio futuro, a cuidarem das famílias para assim tornarem a experiência migratória mais positiva para todos”, concluiu o arcebispo italiano.
JCP