D. Paul Richard Gallagher reforça proposta de canalizar gastos militares para fundo mundial de combate à fome

Nova Iorque, EUA, 30 set 2025 (Ecclesia) – O Vaticano defendeu na ONU um desarmamento global e a redução do arsenal nuclear, reforçando a proposta de que gastos militares sejam canalizados para um fundo mundial contra a fome.
“A Santa Sé renova a sua proposta de um fundo global, sustentado por uma fração das despesas militares, para erradicar a pobreza e a fome, promover o desenvolvimento sustentável e enfrentar as alterações climáticas. Estas são bases indispensáveis para uma paz duradoura”, disse o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais, ao intervir esta segunda-feira no debate geral da 80.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O representante da Santa Sé sublinhou que a erradicação da pobreza e da fome é “uma obrigação moral”, num “mundo de riqueza e avanços tecnológicos sem precedentes”.
D. Paul Richard Gallagher considerou que o “rearmamento maciço” compromete o objetivo da paz, criticando o crescimento contínuo das despesas militares globais, que “atingiram um valor sem precedentes de 2,72 mil milhões de dólares” em 2024, desviando recursos das “necessidades urgentes dos pobres e das pessoas em situações vulneráveis”.
O Vaticano apelou ao reforço dos mecanismos de não proliferação, em particular à plena implementação e ao reforço dos regimes jurídicos estabelecidos pelos Estados Partes no Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), no Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBTO) e no Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares (TPAN).
Os Estados detentores de armas nucleares devem tomar medidas concretas para reduzir os seus arsenais nucleares, interromper a modernização dos seus arsenais e promover um diálogo transparente para construir a confiança entre as nações. Os recursos devem ser redirecionados para a educação, a saúde e o desenvolvimento sustentável, com o objetivo final de alcançar um mundo livre de armas nucleares.”

O responsável diplomático sustentou que “um mundo livre de armas nucleares é necessário e possível”.
“A Santa Sé pretende continuar a ser a voz dos que não têm voz, defendendo um mundo onde a paz prevaleça sobre o conflito, a justiça triunfe sobre a desigualdade, o Estado de Direito se sobreponha ao poder e onde a verdade ilumine o caminho para o autêntico florescimento humano”, acrescentou D. Paul Richard Gallagher.
O arcebispo britânico pediu que a comunidade internacional dê “prioridade à diplomacia em detrimento da divisão”, redirecionando recursos da guerra para “iniciativas que promovam a justiça, o diálogo e a melhoria das condições de vida dos pobres e dos mais necessitados”.
O discurso do secretário do Vaticano para as relações com os Estados denunciou as “vastas desigualdades” a nível mundial,” em termos de riqueza, acesso à educação, cuidados de saúde, segurança alimentar e condições de vida seguras, muitas vezes exacerbadas pela injustiça sistémica, conflitos e degradação ambiental”.
Em ano de Jubileu, o responsável diplomático insistiu na proposta de “alívio da dívida às nações mais pobres”, permitindo “garantir a distribuição justa dos bens globais e investir no desenvolvimento sustentável”.
OC