ONU: Vaticano alerta para perigo de «escalada nuclear»

Delegação da Santa Sé destaca impacto do conflito na Ucrânia no aumento de «ameaças inconcebíveis»

Foto: Vatican Media

Nova Iorque, Estados Unidos da América, 27 set 2023 (Ecclesia) – O chefe da delegação da Santa Sé na 78ª Sessão da Assembleia Geral da ONU alertou, em Nova Iorque, para o perigo de uma “escalada nuclear”, face ao arrastar do conflito na Ucrânia.

“O conflito na Ucrânia tem sido fundamental para trazer de volta à discussão a elevada ameaça da escalada nuclear. Mais uma vez, é firme convicção da Santa Sé que a utilização da energia atómica para fins de guerra é, hoje mais do que nunca, um crime não só contra a dignidade dos seres humanos, mas contra qualquer futuro possível para a nossa casa comum”, declarou, esta terça-feira, o arcebispo Paul Richard Gallagher, secretário do Vaticano para as relações com os Estados.

A intervenção, divulgada pela sala de imprensa da Santa Sé, sublinhou a importância do desarmamento nuclear, ideia que seria reforçada durante a reunião de alto nível da ONU para comemorar o Dia Internacional para a Eliminação Total das Armas Nucleares.

“O risco de uma guerra nuclear está no seu ponto mais alto em gerações, com ameaças inconcebíveis de uso nuclear, enquanto não cessa a corrida armamentista. À medida que os Estados desperdiçam em armas nucleares os recursos necessários para as preocupações urgentes com o desenvolvimento, abandonam grande parte da arquitetura de controlo de armas e desarmamento que sustenta a segurança internacional”, assinalou o diplomata da Santa Sé.

D. Paul Richard Gallagher tinha destacado, no debate 78ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, a “necessidade premente de começar a reconstruir a confiança, a fim de reacender a estabilidade, a paz e a prosperidade globais”.

“O atual conflito na Ucrânia tornou ainda mais evidente a crise que há muito afeta o sistema multilateral, que precisa de ser repensado profundamente para poder responder adequadamente aos desafios do nosso tempo”, observou o chefe da delegação da Santa Sé.

O responsável diplomático lamentou a falta de “disponibilidade para ouvir”, por parte dos Estados, num contexto global que vai sendo dominado pela “lei do mais forte”.

A comunidade internacional deve manter a universalidade dos fóruns multilaterais globais e não os transformar em clubes reservados a algumas elites, que pensam da mesma forma e onde alguns são simplesmente tolerados, desde que não incomodem ninguém”.

A Santa Sé manifestou o seu apoio à criação de uma Organização Internacional para a Inteligência Artificial, “para a promoção do bem comum e do desenvolvimento humano integral”.

A intervenção evocou os cristãos perseguidos, considerando que o termo “crime de ódio” ou “discurso de ódio” está “a ser usado subjetivamente e manipulado para impedir as pessoas de expressarem as suas crenças religiosas, equiparando a prática da religião à violência”.

“Esta agenda propositadamente desonesta e politicamente motivada, especialmente flagrante no Ocidente, tem de acabar”, sustentou o representante do Vaticano.

OC

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Agência ECCLESIA

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