ONU: Vaticano alerta para a «estagnação» no processo de desarmamento nuclear

E propõe criação de uma «autoridade internacional» devidamente capacitada para reger esta questão

Nova Iorque, 08 nov 2018 (Ecclesia) – O observador permanente da Santa Sé junto da Organização das Nações Unidas recordou os acidentes nucleares de Chernobyl e Fukushima para realçar a urgência de medidas que assegurem a utilização deste tipo de energia para fins pacíficos.

Num depoimento proferido durante uma assembleia geral da ONU, dedicada aos efeitos da radiação atómica, D. Bernardito Auza considerou ser “da máxima importância que a comunidade internacional adote grande precaução no uso da energia nuclear”.

O arcebispo filipino frisou que a estratégia de desarmamento nuclear permanece “estagnada” em “várias nações”.

“Durante algumas décadas, diversos Estados com armamento nuclear fizeram cortes significativos nos seus arsenais e sistemas de distribuição. No entanto, esses cortes pararam e, com aquilo que alguns definem como uma nova guerra fria, corremos o risco de ver todo este processo revertido”, alertou o responsável católico.

Para D. Bernardito Auza, é grave que apesar de todo o esforço de “dissuasão”, se “continue a considerar a hipótese de usar” a energia nuclear “para fins militares” e mesmo “contra agressões que não envolvam o uso de armamento atómico”.

Um comité científico da ONU está a finalizar um estudo sobre os impactos ambientais e humanos do desastre nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011.

Na memória da comunidade internacional está também a tragédia que atingiu as populações de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, em que uma explosão e um incêndio lançaram grandes quantidades de partículas radioativas para a atmosfera.

O arcebispo filipino defende que “apontar como objetivo a abolição do uso de armas nucleares não é suficiente” para eliminar dramas como estes; isto “requer o estabelecimento de uma autoridade internacional devidamente capacitada para operar a nível mundial”.

Mais do que isso, “para se construir uma nova cultura de paz, é preciso investir de forma efetiva na paz e numa educação para o desarmamento”, completou o representante do Vaticano junto da ONU.

JCP

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Agência ECCLESIA

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