ONU: Santa Sé defendeu «um mundo livre das armas nucleares»

«É particularmente preocupante que a resposta global pareça ir na direção oposta» – arcebispo D. Gabriele Caccia

Foto: Vatican Media

Cidade do Vaticano, 05 set 2025 (Ecclesia) – A Santa Sé, através do observador permanente junto das Nações Unidas partilhou a preocupação com o aumento dos gastos militares no mundo, com armas cada vez mais destrutivas, muitas vezes em detrimento dos investimentos no desenvolvimento humano integral.

“Em vez de avançarmos em direção ao desarmamento e a uma cultura de paz, assistimos a um recrudescimento da retórica nuclear agressiva, ao desenvolvimento de armas cada vez mais destrutivas e a um aumento significativo das despesas militares, muitas vezes em detrimento dos investimentos no desenvolvimento humano integral, e na promoção do bem comum”, disse o arcebispo D. Gabriele Caccia, esta quinta-feira, dia 4 de setembro, em Nova Iorque (EUA), citado pelo portal de notícias do Vaticano.

O representante do Vaticano nas Nações Unidas explicou que a “Santa Sé reitera o seu apoio incondicional ao Tratado sobre a Proibição de Armas Nucleares”, e o fortalecimento contínuo da “norma global contra os testes nucleares explosivos” como um passo essencial para “uma paz autêntica e duradoura”.

O arcebispo italiano explicou a preocupação da Igreja Católica com o aumento dos gastos militares no mundo, o “imperativo” de superar o “espírito de medo e resignação”, na sessão plenária de alto nível da Assembleia Geral da ONU, dedicada ao Dia Internacional contra os Testes Nucleares.

Para o observador permanente da Santa Sé junto das Nações Unidas, “é particularmente preocupante” que a resposta global “pareça ir na direção oposta”, e citou o Papa Leão XIV, audiência geral de 18 de junho de 2025: “Não devemos habituar-nos à guerra! Pelo contrário, devemos rejeitar como uma tentação o fascínio dos armamentos poderosos e sofisticados”.

“A Santa Sé reitera a importância da entrada em vigor do Tratado sobre a Proibição Total de Testes Nucleares, juntamente com a plena implementação do Sistema Internacional de Monitoramento e seus mecanismos de verificação”, referiu.

O primeiro teste nuclear realizou-se no dia 16 de julho de 1945, e indicou D. Gabriele Caccia, desde essa data, realizaram-se “mais de dois mil testes nucleares” na atmosfera, no subsolo, nos oceanos e em terra firme, que “afetaram todos, especialmente as populações indígenas, as mulheres, as crianças e os nascituros”.

“A saúde e a dignidade de muitos continuam a ser comprometidas em silêncio e, muitas vezes, sem qualquer indenização”, alertou

Segundo o observador permanente da Santa Sé junto da ONU, “as consequências devastadoras” desse evento dramático levaram à “convicção problemática” de que a paz e a segurança poderiam ser mantidas “através da lógica da dissuasão nuclear”, conceito que “continua a desafiar o raciocínio moral e a consciência internacional”.

“Há oitenta anos a explosão da primeira arma nuclear revelou ao mundo uma força destrutiva sem precedentes. Esse evento mudou o curso da história e lançou uma longa sombra sobre a humanidade, provocando graves consequências tanto para a vida humana, quanto para a criação”, acrescentou o representante do Vaticano, citado pelo sítio online ‘Vatican News’.

O Dia Internacional contra os Testes Nucleares celebra-se anualmente a 29 de agosto, data que marca o encerramento, em 1991, do maior campo de testes nucleares, no Cazaquistão; foi proclamado na Resolução 64/35 adotada na Assembleia Geral da ONU, de 2 de dezembro de 2009.

CB/OC

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