ONU: Arcebispo Richard Gallagher alerta para perseguição religiosa contra cristãos e critica comunidade internacional por falta de ação

Chefe da delegação da Santa Sé proferiu discurso na 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, nos EUA

Foto AIS

Cidade do Vaticano, 10 out 2025 (Ecclesia) – O arcebispo Paul Richard Gallagher alertou para a perseguição religiosa que afeta milhões de cristãos em todo o mundo e criticou a comunidade internacional por falta de ação.

“Dados mostram que os cristãos são o grupo mais perseguido globalmente, mas a comunidade internacional parece ignorar esta situação”, referiu o chefe da delegação da Santa Sé, a 29 de setembro, no discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, divulgado pelo portal Vatican News, no âmbito do 80º aniversário da organização, em Nova Iorque, nos EUA.

Depois de apontar a liberdade de pensamento, consciência e religião como pilares da paz, o secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais referiu que “a perseguição às minorias religiosas, especialmente aos cristãos, persiste em todo o mundo”.

“Cristãos em todo o mundo são vítimas de perseguições severas, incluindo violência física, prisão, deslocamento forçado e martírio”, lamentou.

Mais de 360 milhões de cristãos vivem em áreas onde sofrem altos níveis de perseguição ou discriminação, com ataques a igrejas, casas e comunidades a intensificarem-se nos últimos anos”, denunciou o arcebispo.

No discurso, o secretário do Vaticano para as Relações com os Estados e Organizações Internacionais abordou a paz que evocou como “universal e fundamental para uma sociedade bem ordenada e baseada em valores”.

“A paz não é a mera ausência de guerra ou conflito. Não pode ser reduzida exclusivamente à manutenção de um equilíbrio de poder entre adversários”, assinalou.

Pelo contrário, desenvolveu, “está enraizada no respeito mútuo e numa compreensão adequada da pessoa humana, exigindo o estabelecimento de uma ordem baseada na justiça e na caridade”.

Segundo o arcebispo Paul Richard Gallagher, “para prevenir conflitos e violência, a paz deve estar profundamente enraizada no coração de cada indivíduo, para que possa espalhar-se pelas famílias e pelas várias associações da sociedade, até envolver toda a comunidade política”.

A construção da paz exige a rejeição do ódio e da vingança em favor do diálogo e da reconciliação”, defendeu.

O chefe da delegação da Santa Sé defende que a “comunidade internacional deve, portanto, dar prioridade à diplomacia em detrimento da divisão, redirecionando recursos de instrumentos de guerra para iniciativas que promovam a justiça, o diálogo e a melhoria das condições de vida dos pobres e dos mais necessitados”.

O arcebispo Paul Gallagher nomeou alguns países onde é urgente fazer cessar a violência, indicando que o caminho, nestes cenários de conflito, continua a ser o do diálogo, do multilateralismo e do desarmamento, até porque a escalada das tensões, juntamente com a crise climática em curso, provoca o aumento das desigualdades e da pobreza.

De acordo com o responsável, que afirmou que a Santa Sé é “a voz dos que não têm voz”, é necessário promover “um mundo em que a paz prevaleça sobre os conflitos, a justiça triunfe sobre as desigualdades, o Estado de Direito substitua o poder e a verdade ilumine o caminho para o autêntico bem-estar humano”.

Para o chefe da delegação da Santa Sé, o crescente valor dos gastos globais com armamento perpetua “ciclos de violência e divisão, desviando recursos das necessidades urgentes dos pobres e das pessoas em situações vulneráveis”.

“O desarmamento não é apenas uma necessidade política ou estratégica, mas, acima de tudo, um imperativo moral, enraizado no reconhecimento da sacralidade da vida humana e da interligação da família humana”, referiu, na 80ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas.

O arcebispo Paul Gallagher evocou também o direito internacional humanitário como outro pilar da paz, realçando que a sua violação, com ataques a civis, hospitais, escolas e locais de culto, constitui “um grave crime de guerra”.

LJ/OC

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