Oitocentos anos da vocação franciscana

Peregrinação Nacional da Família Franciscana Portuguesa a Fátima, dias 7 e 8 de Outubro. A história dos homens está cheia de movimentos personagens que a marcaram, homens que alimentaram dentro de si sonhos e ideais. Entre estes movimentos que nela deixaram rasto, conta-se o movimento franciscano, uma intuição que surgiu no espírito e no coração de um homem, Francisco de Assis. Um jovem que não se acomodou à mediocridade da sua época. Um “revolucionário” e iniciador de uma nova experiência religiosa que marcou a história de maneira impressionante; uma vida cheia de sobressaltos, de interrupções, rumo à realização de um ideal que lentamente se vai aclarando e concretizando: uma experiência pessoal, onde rupturas e descobertas se sucedem, até à identificação com o Evangelho, tornando-se o novo evangelista do séc. XIII, e, quem sabe, de todos os séculos. S. Francisco de Assis é desses homens de quem a Humanidade sempre se sentirá orgulhosa. Suas qualidades forçam a simpatia; seus defeitos, se os tem, são encantadores; sua santidade nada tem de esotérico, efeminado ou temível; seus dons naturais suscitam geral admiração; seus ensinamentos exalam tal frescura, tal poesia e serenidade, que, neles, mesmo os espíritos mais embotados podem encontrar razões para amar a vida e crer na bondade divina (Englebert). Senhor, que queres que eu faça? Foi há 800 anos, em 1206. O Senhor amadureceu o ânimo de Francisco tão profundamente que o fez descobrir Cristo nos pobres e aflitos. Em todos os infelizes de qualquer espécie que encontrava pelo caminho, e particularmente nos leprosos, encontrava Cristo desprezado e débil na sua nudez. A graça tinha já realizado a transformação do seu coração. Um dia, como fizera tantas vezes, entrou na capelinha solitária de S. Damião: Conduzido pelo Espírito, entra nela para orar, prostra-se devoto e suplicante aos pés do Crucifixo. Queria descobrir o caminho a seguir e suplicava com insistência: Senhor que queres que eu faça? Do próprio Cristo recebe uma ordem bem precisa: Francisco, vai e repara a minha casa que, como vês, está quase em ruína. Ao escutar as palavras do crucifixo que lhe fala como um amigo, chamando-o pelo nome, Francisco, pasmado e a tremer, não atina na resposta. A graça divina tinha-o tocado profundamente. A Família Franciscana Portuguesa inicia nesta Peregrinação um período de três anos de preparação para, em 2009, celebrar o 8° Centenário da Vocação Franciscana, quando o Papa Inocêncio III aprova oralmente a forma de vida franciscana que Francisco de Assis e onze companheiros já viviam. Durante o ano de 2006-2007 toda a Família Franciscana se centrará na experiência de Francisco de Assis quando, ainda jovem, busca o rumo a dar à vida e pergunta: Senhor, que queres que eu faça? O ícone “Crucifixo de S. Damião” será o símbolo aglutinador ao percorrer todo o país e ilhas pela mão dos Franciscanos para que possa intensificar-se a experiência do olhar cheio de amor e ternura dirigido por Cristo aos homens como em 1206 experimentou Francisco de Assis em oração na capelinha de S. Damião. Ao mesmo tempo colocamo-nos diante de Deus tentando descobrir caminhos de fidelidade criativa para realizarmos a nossa missão e sermos junto dos homens do século XXI rostos amorosos de Deus. Fr. Daniel Teixeira, OFM (Director do Centro de Franciscanismo)

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