No Seminário Maior de Coimbra, abriu ao público, no dia 8 de Dezembro, a Oficina-Museu Nunes Pereira e a exposição que a preenche e que contém alguns dos seus milhares de trabalhos em madeira, terracota, no papel ou em seixos. Pelo esforço conjunto do Seminário e do Museu Nacional Machado Castro (MNMC) é agora possível, nas palavras de Virgínia Gomes, curadora do museu, ver expressada, artisticamente, “uma vida dedicada aos outros”. Para Pedro Redol, director do MNMC, esta colaboração, a pedido do Seminário, deixou rapidamente de ser um trabalho técnico para passar a ser também artístico e permitiu fazer da oficina “uma oportunidade de aprendizagem”. Numa sessão preparatória, antes de uma visita guiada à exposição, o Cónego Aurélio Campos, reitor do Seminário, recordou passos marcantes da vida de Nunes Pereira, realçando a forma como soube sempre ser padre e artista, de “forma serena e simpática”, amando Deus e chegando a Ele pela natureza e pela arte. A par da vida sacerdotal, dedicou-se sempre às artes plásticas e às letras. Da vida traz para o papel retratos espontâneos do que vê e sente e notabiliza-se pelo seu valor no âmbito da arte religiosa não só pelas esculturas e xilogravuras em madeira, mas também pelos vitrais e imagens presentes em muitas igrejas da região e até em casas de particulares. Na área das letras, publicou vários livros e foi colaborador em alguns jornais. Foi chefe de redacção do “Correio de Coimbra” durante mais de vinte anos. A exposição, patente até dia 3 de Dezembro de 2007 e aberta aos Sábados, entre as 15h e as 18h, organiza-se num percurso de três momentos ou níveis diferentes. Parte-se da oficina e do ambiente de trabalho do Monsenhor, onde estão presentes instrumentos que utilizava e a peça que trabalhava na manhã em que morreu. O visitante passa depois a um outro nível, onde pode observar a madeira trabalhada, nas esculturas e nas gravuras. O último ponto no percurso da exposição preenche-se com as obras no papel e em seixos. O espaço vive de duas cores que se ligam também à vida trabalho artístico do padre. O verde surge como a cor da natureza e o roxo como uma cor litúrgica, para que seja plena a percepção da dimensão religiosa do Monsenhor Nunes Pereira.