José Luís Nunes Martins
O que farias se hoje, à hora de jantar, te batesse à porta uma jovem grávida de 9 meses na companhia do marido e te pedissem para pernoitar na tua casa?
Talvez dissesses que terias muito gosto, mas que, com muita pena, não era possível, por não haver lugar.
Rejeitados ou, pelo menos, ignorados, tiveram de encontrar um lugar possível…
Que lugar temos, dentro de nós mesmos, para a vontade de sermos felizes? Acolhemo-la no nosso dia a dia? Ou andamos tão ocupados que não temos nem espaço nem tempo para pensar em nada que não seja cómodo?
A felicidade exige paz. Ora, a paz é difícil porque supõe que afastemos de nós o que não é mesmo importante. Caso contrário, andamos muito preocupados, mas com coisas tolas que servem para nos manter longe da verdade.
Gastamos muito tempo e muitas energias a tentar mudar o que não conseguimos controlar, ao mesmo tempo que não nos concentramos em melhorar o que está ao nosso alcance.
A paz depende de decidirmos deitar imensa coisa fora. Resolvermos não avançar mais com muitos projetos. Para que haja oportunidade de nos preocuparmos com o que nos é possível mudar e é importante para nós.
Importa descansar, bastante. A verdadeira produtividade não é uma questão de tempo, mas de energia. Há quem em meia hora faça mais e melhor do que muitos em vários dias de trabalho. Isso depende em muito da forma como descansa e se concentra.
É preciso que sejamos capazes de abrir a porta a uma vida mais feliz, apesar de ser mais incómoda e destemida do que aquela a que estamos habituados.
E um instante de Natal é quanto basta para que tudo mude.
O Natal é um tempo de mudança. Tempo de encontrar espaço para que algo de divino nasça em nós. Não é o lugar que fará o Natal. Não é preciso que estejamos imaculados, apenas que sejamos capazes de arriscar acolher algo tão desconhecido quanto maravilhoso… A nossa felicidade!