OE 2012: Geração de sacrifícios

Economista João César das Neves diz que Governo está a implementar «medidas dolorosas» mas sair deste caminho acarretaria «cortes mais drásticos»

Lisboa, 18 out 2011 (Ecclesia) – João César das Neves considera que a forma como Portugal encarar os sacrifícios pedidos, no atual período de crise, será “decisiva” para a sustentabilidade financeira do país.

“Se mergulhar em contestação como os gregos, não haverá solução senão falir. Se suportar os sacrifícios e procurar novas soluções vencerá a crise. Este é o grande desafio desta geração”, defende o economista, na edição desta terça-feira do Semanário Agência ECCLESIA.

Para o atual professor da Universidade Católica Portuguesa, a perda de “credibilidade externa”, nos últimos três anos, conduziu a nação a um cenário de “medidas dolorosas”, prefiguradas num Orçamento de Estado para 2012 que “parece mau demais para ser verdade”.

Além de promover a subida do IVA em “muitos bens de taxa reduzida”, o Governo apostou na redução de despesas relacionadas com o aparelho de Estado, cortando os “subsídios de férias e de Natal de funcionários públicos e pensionistas acima de certo nível de receita”.

João César das Neves reconhece que este tipo de “medidas extraordinárias” representa um “violentíssimo esforço de ajustamento” das contas.

No entanto, sair deste caminho seria “admitir à partida a inevitabilidade da derrocada financeira”, o que só conduziria a “cortes imediatos ainda mais drásticos”, acrescenta.

Recordando a “repetida” incapacidade do Governo em escapar à recessão económica, “simbolizada” na ineficácia de quatro Programas de Estabilidade e Crescimento, o economista espera que o atual Orçamento seja “justificado” através da desejada descida do défice, exigida pela troika.

Agora, “na ausência de mais truques, será dos reais 7,7 % que temos de descer em 2012 para chegar aos pretendidos 4,5% da meta desse ano”, conclui.

JCP

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