OE 2012: Caritas teme aumento do desemprego

Organização católica admite encerramento de alguns dos serviços numa altura em que são «cada vez maiores» os pedidos de apoio

Fátima, Santarém, 16 out 2011 (Ecclesia) – A Caritas Portuguesa manifestou preocupações perante as medidas previstas no próximo Orçamento de Estado (OE), que considerou “exigente” para os “mais desfavorecidos e para as classes médias”, alertando para o possível aumento do desemprego e endividamento das famílias.

Em comunicado enviado à Agência ECCLESIA, após uma reunião da sua Comissão Permanente, este sábado, a organização católica afirma que se trata “de um OE exigente, principalmente, para os mais desfavorecidos e para as classes médias, que pode não criar condições minimamente estimulantes para a economia e ser até restritivo à criação de postos de trabalho e de redução do flagelo social que é o desemprego”.

O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho apresentou esta quinta-feira várias das medidas do OE 2012, como a “expansão do horário de trabalho no setor privado em meia hora por dia” ou “ajustar o calendário dos feriados”, para além da “eliminação dos subsídios de férias e de Natal para todos os vencimentos dos funcionários da Administração Pública e das Empresas Públicas acima de 1000 euros por mês”.

Os vencimentos situados entre o salário mínimo e os 1000 euros serão sujeitos a uma “taxa de redução progressiva, que corresponderá em média a um só destes subsídios” e serão eliminados “os subsídios de férias e de Natal para quem tem pensões superiores a 1000 euros por mês”.

Para a Caritas, “o facto de muitos portugueses virem a perder os subsídios de férias e de Natal levará ao aumento das situações de sobreendividamento com consequências que já são amplamente conhecidas”

A Comissão Permanente da organização admite que “não se augure, como desejaria, um futuro sem sobressaltos para as instituições e outras entidades que prestam apoio social à comunidade”.

“Antes, será de esperar uma atividade mais limitada e mesmo o encerramento de alguns dos serviços até agora prestados, numa altura em que são cada vez maiores os pedidos de apoio social”, refere a nota da Caritas, para quem as entidades de apoio social terão de ser “mais imaginativas, recorrer ao voluntariado e proceder a mais recolhas de donativos”.

Falando num acréscimo de pedidos de ajuda na ordem dos 41%, relativamente a agosto do ano anterior, o comunicado aponta para a “incapacidade de algumas Caritas conseguirem atender, em tempo útil, todas as novas situações e estarem a escassear os meios financeiros”.

Neste sentido, a Caritas espera que a sua próxima campanha de Natal – “10 Milhões de Estrelas – um gesto pela paz” – venha a ser “uma excelente oportunidade” para que se manifeste o “sentido de solidariedade que sempre caracterizou o povo português para superar esta crise”.

A Caritas Portuguesa tem agendado um Conselho Geral para 12 e 13 de novembro.

O comunicado deixa vários reparos à proposta de OE, em matérias como a decisão de taxar pensões, a falta de apoio às pequenas e médias empresas, o aumento das taxas moderadoras na saúde e a necessidade de “afetação de uma parte do orçamento para apoios pontuais e emergentes na área da ação social”, mesmo para organizações que “não tendo o estatuto de IPSS, prestam apoio social e económico a milhares de portugueses”.

A votação na especialidade do OE, cujo prazo de entrega na Assembleia da República termina esta segunda-feira, decorrerá nos dias 24, 25 e 28 de novembro, antes da votação final global no Parlamento, no dia 29.

OC

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Agência ECCLESIA

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