Padre Manuel Pato destaca atenção e atuação com o município local
Odemira, 04 mai 2021 (Ecclesia) – O pároco de Odemira, na Diocese de Beja, afirmou que a Igreja Católica tem ajudado os migrantes e alertado “sempre” para as suas condições de vida, sensibilizando a população e autoridades locais para estas situações.
“Tem tido uma particular atenção, sobretudo alertando para as situações menos condignas em que eles vivem; por outro lado, tem também uma presença naquilo que é a sua identidade religiosa e identidade cultural”, disse hoje o padre Manuel Pato à Agência ECCLESIA.
O sacerdote sublinha que “sempre existiu” uma atenção em alertar as entidades empregadoras para aquilo que é “muito específico” dos países de origem, “quer da sua identidade e cultura religiosa”.
Segundo o padre Manuel Pato, há cerca de 11 anos no concelho de Odemira, as paróquias locais – Santíssimo Salvador e Santa Maria – também se associam ao município e fazem parte das comissões de integração dos migrantes.
“Vamos ajudando aqueles que chegam levando-os ao SEF, tentando ajudá-los a resolver as situações legalmente, e depois a parte espiritual também nunca é descuidada, quer com outras religiões, quer com o cristianismo, numa outra dimensão, da parte dos Ortodoxos e temos aberto as igrejas para que possam celebrar a fé”, exemplificou.
No âmbito da saúde, o pároco de Odemira adianta que têm tido um “papel de diálogo” com enfermeiros, médicos, e “a realidade é que todos os que chegam ao território são assistidos e sem qualquer problema”.
“Há um esforço de todas as entidades, e a Igreja também opera como parceira, para que toda a gente possa ter o melhor. Não nos podemos acomodar, é ir sempre tentando arranjar novas formas de chegar quer a quem os traz, a quem lhes dá emprego, quer a quem os acolhe”, desenvolveu.
O responsável católico lembra que os governantes “sempre foram alertados” para a sobrelotação e situações que “chocavam”, pelo poder local, e recorda que o bispo emérito de Beja, D. António Vitalino Dantas, já há mais de uma década fazia referência ao tema, tendo até destaque na comunicação social.
O padre lamenta que, nestas situações, todo o “mediatismo” desapareça após pouco tempo.
“Se não fosse a Covid, tudo continuava igual e acredito que algumas situações serão alteradas, mas outras quase de certeza se manterão”, acrescenta.
No Concelho de Odemira foi decretada uma cerca sanitária para as freguesias de São Teotónio e de Almograve, por causa da elevada incidência de casos de Covid-19, sobretudo em trabalhadores do setor agrícola, que começou na sexta-feira.
O padre João Paulo Bernardino, responsável pelo Vicariato Paroquial de Longueira-Almograve, assinala que as pessoas não concordam com esta medida “porque o mal está na sobrelotação” onde vivem os migrantes e “enquanto não arranjarem uma habitação condigna os focos não deixam de existir”.
“Fazemos sempre um apelo para as pessoas compreenderem atendendo que somos um país que já teve muita migração e os nossos também já passaram por inúmeras situações difíceis nos países que acolheram. Temos que ser benevolentes, compreender a situação deles, que vieram à procura de uma vida melhor”, disse.
Já o padre Manuel Pato acrescenta que a Igreja Católica tem procurado que as suas comunidades sejam “promotoras do bem-social e do bem integral da pessoa”.
O sacerdote da Diocese de Beja realça que os imigrantes chegam ao Alentejo com o “desejo e busca de novas condições de vida”, que nos seus países não têm, e “acabam por se sujeitar” as estas situações.
O ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, considerou hoje positiva a evolução dos casos de covid-19 em Odemira e remeteu para o Conselho de Ministros de quinta-feira a avaliação sobre a cerca sanitária.
CB/OC
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