Antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais assinala capacidade de gerir conflitos
Lisboa, 09 jan 2017 (Ecclesia) – O padre António Rego, representante católico na Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas, recordou hoje o papel do antigo presidente Mário Soares depois do 25 de Abril, em particular quando se falava numa “questão religiosa”.
“Ele, quase ferozmente, combateu isso, a dizer que não havia uma questão religiosa, e recordava muito a I República. Nesse aspeto, terá sido um dos homens que terá concorrido melhor para que houvesse convivência entre diversas expressões religiosas no nosso país”, referiu o sacerdote e jornalista à Agência ECCLESIA.
O antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais evoca Mário Soares como alguém que “não tinha o dom da fé”, mas que “não funcionava sem essa referência religiosa.
“Manifestou sempre um respeito enorme pelas confissões religiosas”, assinala o sacerdote açoriano.
O padre António Rego evoca um encontro com o antigo presidente, quando Soares o chamou ao Palácio de Belém para “pedir um parecer sobre uma questão religiosa”.
“Eu diria que aquilo a que chamam tolerância, eu chamaria uma sabedoria, saber gerir diferenças e conflitos”, conclui.
Mário Soares morreu este sábado no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado desde o último dia 13 de dezembro.
Soares tomou posse como primeiro-ministro do I governo constitucional a 23 de julho de 1976, cargo que viria a ocupar também no II e IX governos constitucionais; foi presidente da República Portuguesa durante dois mandatos, entre 1986 e 1996.
Em 2007, Mário Soares foi indicado para presidir à Comissão da Liberdade Religiosa, criada pela Lei 16/2001, cargo no qual seria reconduzido em 2011.
Como presidente da República, Soares recebeu o Papa João Paulo II na viagem que o santo polaco fez a Portugal, em 1991; antes, em 1990, realizou uma visita oficial ao Vaticano.
O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir de hoje, pela morte do antigo chefe de Estado.
O corpo de Mário Soares está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos e o funeral realiza-se a partir das 15h30 de terça-feira no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.
SN/OC