Óbito/Setúbal: Bispo diocesano evoca D. Manuel Martins como defensor dos pobres e da justiça

D. José Ornelas presta homenagem ao primeiro da diocese sadina, falecido aos 90 anos de idade

Setúbal, 25 set 2017 (Ecclesia) – O bispo de Setúbal, D. José Ornelas, homenageou hoje o percurso e ação junto dos mais pobres de D. Manuel Martins, primeiro bispo da diocese sadina, que faleceu este domingo aos 90 anos de idade.

“A sua palavra livre e libertadora, inspirada no Evangelho, ergueu-se com toda a clareza contra a injustiça que atingia particularmente os mais pobres”, escreve o responsável, numa mensagem enviada hoje à Agência ECCLESIA.

D. José Ornelas recorda, em particular, o que apresenta como “sonho de dignidade humana para todos” do primeiro bispo de Setúbal, que esteve à frente da diocese entre 1975 e 1998, capaz de “mobilizar pessoas e fomentar instituições” que fossem ao encontro dos mais necessitados.

Entre estas, elenca, estão a Cáritas Diocesana, os Centros Sociais Paroquiais e outras instituições de “solidariedade, voluntariado e partilha”.

“A Diocese de Setúbal, com os seus padres, diáconos, religiosos/as e leigos, hão de lembrá-lo, sempre e acima de tudo, como o seu Bispo, amigo e próximo, desprendido de si, habituado a viver com simplicidade e a passear, a pé ou de bicicleta, pelas manhãs de Setúbal, pai, pastor e irmão, tão inflexível na defesa da verdade e da justiça, como terno, amigo e compassivo no encontro fácil com aqueles que acolhia sorridente”, acrescenta D. José Ornelas.

D. Manuel Martins faleceu este domingo às 14h05, em casa de familiares, na Maia (Diocese do Porto).

As exéquias fúnebres vão celebrar-se na terça-feira, pelas 15h00, no Mosteiro de Leça do Balio (Matosinhos – Porto), terra natal do prelado.

Segundo o desejo expresso pelo próprio, D. Manuel Martins será sepultado junto dos seus pais, no cemitério próximo do Mosteiro.

D. José Ornelas deixa uma palavra de “enorme apreço e profunda gratidão” ao primeiro bispo de Setúbal, considerando que os seus 23 anos de serviço “foram uma graça providencial nos tempos conturbados e fecundos da afirmação da democracia portuguesa e das sucessivas crises sociais e económicas que atingiram o país” e particularmente esta região sadina.

“Aliada a essa clareza de princípios e atitudes, Dom Manuel foi um homem de diálogo e um lançador de pontes, atitudes particularmente importantes no ambiente crispado que marcava então o panorama social e político nacional, com particular incidência nesta diocese”, acrescenta o bispo de Setúbal.

D. José Ornelas saúda uma herança de “respeito e colaboração” que carateriza hoje o relacionamento entre a Igreja e a sociedade na península de Setúbal, bem como o “rasto profundo e incontornável na Igreja e na sociedade” de Portugal.

O falecido bispo nasceu a 20 de janeiro de 1927, em Leça do Balio, concelho de Matosinhos; foi ordenado sacerdote em 1951, após a formação nos seminários do Porto, seguindo-se a frequência do curso de Direito Canónico na Universidade Gregoriana, em Roma.

Pároco da Cedofeita, no Porto, entre 1960 e 1969, D. Manuel Martins foi nomeado vigário-geral da diocese nortenha em 1969, antes de seguir para Setúbal.

No dia 23 de abril de 1998, o Papa João Paulo II aceitou o seu pedido de resignação ao cargo.

O bispo emérito foi agraciado com a grã-cruz da Ordem de Cristo, durante as comemorações do 10 de junho de 2007, em Setúbal, e com o galardão dos Direitos Humanos da Assembleia da República, a 10 de dezembro de 2008.

OC

Partilhar:
Scroll to Top
Agência ECCLESIA

GRÁTIS
BAIXAR