Vigário-geral da Diocese da Guarda diz que bispo emérito «promoveu muito» as vocações sacerdotais e laicais
Guarda, 27 mar 2018 (Ecclesia) – O vigário-geral da Guarda recorda que o bispo emérito D. António dos Santos (1932-2018) “promoveu muito” as vocações sacerdotais e laicais e a atitude “bastante prudencial” com que entrou na diocese, em 1980, procurando “reunir a colaboração possível”.
“A diocese vai recordá-lo certamente durante muito tempo, esteve cá 26 anos, e vai recordá-lo em muitos aspetos. Todas as pessoas tinham muita estima”, referiu hoje o padre Manuel Pereira de Matos à Agência ECCLESIA.
D. António dos Santo, bispo emérito da Guarda, faleceu esta segunda-feira, dia 26 de março, pelas 19h30, no Hospital Distrital da Guarda.
Na diocese natal foi pároco em Ílhavo antes de ser ordenado bispo, a 7 de abril de 1976, no pavilhão municipal de Ílhavo: foi bispo auxiliar de Aveiro até 1979.
Nomeado bispo da Guarda a 6 de dezembro de 1979, por João Paulo II, entrou na Diocese a 2 de fevereiro de 1980.
O atual vigário-geral da diocese lembra a “relação muito próxima”, “amiga”, do bispo com as pessoas que “conhecia pelo nome” e mesmo em tempos mais recentes, “já na fase da doença”, quando via alguém, “recordava-se” das pessoas e dos familiares.
“Perguntava por toda a gente e isso cativava muito. Era querido até por esse aspeto pelo interesse, rezava por toda a gente e toda a gente sentia isso, a forma calorosa de estar e de sentir a diocese. Continuava a rezar e a interessar-se pela diocese”, desenvolve.
O padre Manuel Pereira de Matos que durante 12 anos foi reitor do Seminário Maior da Guarda, destaca o “amor muito grande” de D. António dos Santos pela instituição, que “visitava com frequência e acompanhava muito a equipa”.
“Vimos uma atitude de mais confiança da parte dos próprios seminaristas e ele acolhia sempre muito bem. Era muito amigo dos padres e todos reconheciam que tinha interesse na vida dos sacerdotes”, desenvolveu.
Neste contexto, o padre Manuel Pereira de Matos sublinha a atenção do prelado às vocações sacerdotais no seminário e a criação do pré-seminário, referindo que “grande parte de padres novos” tiveram origem nesta etapa.
O sacerdote recorda que, quando D. António dos Santos chegou à diocese, se vivia uma “situação bastante critica”, sobretudo, “em relação ao pós-concilio” (Vaticano II), “a crise nas vocações” e a forma como o clero e os sacerdotes se encontravam.
“Foi difícil. Relativamente a outros aspetos da diocese deu-se de algum modo um renascer, uma esperança que verdadeiramente apareceu com a vinda dele e com a atuação que fez”, acrescentou.
D. António dos Santos, proveniente de Aveiro, chegou à Guarda, em 1980, com uma atitude “bastante prudencial”, procurando “reunir a colaboração possível nessa altura, relativamente, ao clero e depois aos leigos”.
O bispo que resignou em 2005, por motivos de saúde, promoveu o apostolado laical, num período em que foi construído o centro apostólico, “essencialmente para a formação dos leigos”, e dinamizou a vida religiosa recebendo uma comunidade de Irmãs Carmelitas, em meados dos anos 90 do século passado.
Segundo o padre Manuel Pereira de Matos, D. António dos Santos era também um homem atento à cultura, que promoveu em relação a “todas as instancias de formação, de educação”, e tinha um “interesse grande pelo mundo escolar”.
O corpo do bispo emérito pode ser velado na igreja da Misericórdia; as exéquias de D. António dos Santos vão ser celebradas na Sé da Guarda, esta quarta-feira, pelas 15h00, seguindo-se cortejo fúnebre para a sua terra natal, na Paróquia de Santo António de Vagos, em Aveiro, onde será celebrada Missa de corpo presente às 18h30 e irá a sepultar no cemitério local.
Na mesma paróquia vai ser celebrada Missa de 7.° dia a 4 de abril, pelas 19h00, na data em que o falecido bispo que completaria o seu 42.° aniversário de ordenação episcopal.
“Que esta hora seja de comunhão na oração pelo nosso saudoso D. António e de solidariedade para com a família”, escreve o padre Nuno Duarte da Silva Queirós, pároco de Santo António de Vagos.
CB/OC