D. Manuel Felício presidiu ao «último adeus» da comunidade católica ao seu predecessor
Guarda, 28 mar 2018 (Ecclesia) – O bispo da Guarda prestou hoje homenagem ao seu antecessor, D. António dos Santos, no dia em que a diocese disse o último adeus ao prelado, que faleceu esta segunda-feira.
“É uma perda muito grande para a Diocese e também para esta sociedade da Guarda”, disse D. Manuel Felício à Agência ECCLESIA.
O responsável recorda, a este respeito, os bens “importantes” que ficaram na Guarda pela mão do falecido bispo, como o hospital psiquiátrico das Irmãs Hospitaleiras.
“A memória que a diocese toda faz, nesta hora que é de luto e de saudade, é a de um bispo que se dedicou de alma e coração a ajudar todas as comunidades, todas as pessoas, para avançarem no processo da fé”, refere D. Manuel Felício.
D. António dos Santos chegou à Diocese da Guarda em 1980, 15 anos após o encerramento do Concílio Vaticano II (1962-1965).
“O seu esforço foi colocar a diocese ao ritmo do Concílio”, sublinhou o seu sucessor.
O atual bispo da Guarda recorda iniciativas ligadas à formação sacerdotal, que levaram à ordenação de 37 sacerdotes no quarto de século em que D. António dos Santos esteve à frente da diocese.
D. Manuel Felício elogiou ainda o “esforço de renovação espiritual, de renovação pastoral” que ficou como herança do falecido bispo, a que se soma a ordenação de diáconos permanente, uma “opção importante que foi feita na hora certa”.
Em 1988, a Guarda viveu um congresso diocesano de leigos para preparar o Congresso Nacional, com “orientações muito interessantes”, nomeadamente a aposta na formação, com a criação da Escola Teológica de Leigos.
As exéquias de D. António dos Santos celebram-se na Sé da Guarda, desde as 15h00, seguindo-se cortejo fúnebre para a sua terra natal, na Paróquia de Santo António de Vagos, em Aveiro, onde será celebrada Missa de corpo presente às 18h30 e irá a sepultar no cemitério local.
Na mesma paróquia vai ser celebrada Missa de 7.° dia a 4 de abril, pelas 19h00, na data em que o falecido bispo que completaria o seu 42.° aniversário de ordenação episcopal.
Na sua homilia, D. Manuel Felício sublinhou a proximidade do Tríduo Pascal, momentos evocativos da morte e ressurreição de Jesus, que considerou simbólica para compreender o “notável trabalho” desenvolvido pelo falecido bispo, recordando “três grandes opções” do seu percurso: a fidelidade ao Concílio, a renovação comunitária e a valorização da tradição.
“Cedo entendeu que esta diocese tinha de se preparar para viver com menos padres”, recordou.
D. Manuel Felício assinalou também a capacidade de antecipar os modelos de “caminhada sinodal” que são propostos pelo pontificado do Papa Francisco.
O bispo da Guarda saudou, em particular, os representantes da Diocese de Aveiro que se deslocaram à cidade mais alta de Portugal.
“Nesta hora, que tem o sabor amargo da despedida, desejamos prestar a nossa singela homenagem a quem, com a sua forma própria de estar na vida e na ação pastoral, foi de verdade um pai para esta Diocese da Guarda e em particular para os seus padres”, concluiu D. Manuel Felício.
D. António dos Santos foi ordenado sacerdote a 1 de julho de 1956, em Albergaria-a-Velha, na Diocese de Aveiro, onde nasceu a 14 de abril de 1932, em Quintã, Vagos.
Na diocese natal foi pároco em Ílhavo antes de ser ordenado bispo, a 7 de abril de 1976, no pavilhão municipal de Ílhavo; foi bispo auxiliar de Aveiro até 1979.
Nomeado bispo da Guarda a 6 de dezembro de 1979, por João Paulo II, entrou na Diocese a 2 de fevereiro de 1980.
D. António dos Santos exerceu o ministério como bispo residencial até 1 de dezembro de 2005, quando resignou por motivos de saúde, sucedendo-lhe D. Manuel Felício.
CB/OC