Óbito: D. Manuel Falcão (1922-2012), homem da cultura e do espírito

Responsáveis eclesiais sublinham marcas deixadas na Diocese de Beja

Beja, 22 fev 2012 (Ecclesia) – O bispo de Beja, D. António Vitalino, lembrou hoje o seu predecessor, D. Manuel Falcão, falecido esta terça-feira, como um “homem da cultura, do espírito”.

“Esteve à frente desta diocese, sabendo viver a sua missão da Igreja, mas muito em sintonia com os anseios deste povo”, disse à ECCLESIA D. António Vitalino, lembrando que bispo emérito, hoje sepultado no cemitério de Beja, chegou “num tempo difícil para a Igreja no Alentejo, em 1974”, quando foi nomeado bispo coadjutor.

Para este responsável, D. Manuel Falcão que deixa “os fundamentos, o arcabouço, a estrutura” de uma Igreja que “vai ao encontro das pessoas, que descobre os seus anseios profundos e lhes sabe levar Deus”.

O bispo emérito criou em 1984 o Departamento do Património Histórico e Artístico (DPHA) e o seu atual diretor, José António Falcão, lembra as “marcas profundíssimas” da sua ação social, pastoral e cultural: “Ele entusiasmou a lançar a pontes entre a grande tradição cristã e a vanguarda da criação contemporânea”.

Apesar dos seus 89 anos, o bispo emérito de Beja continuava ligado ao Departamento, que apoiava com frequência “na vertente científica” e “servia de orientação”.

José António Falcão considerava o prelado “aparentemente reservado”, mas com “grande humor e capacidade de comunicação” e, sobretudo, “com uma inteligência e abertura surpreendentes”.

O padre José Pedro Martins, vigário episcopal para a Pastoral da Diocese do Algarve, recorda D. Manuel Falcão como um “homem simples, discreto, sabedor e atento”.

Para além destas imagens do bispo emérito de Beja, o sacerdote guarda na memória a “atenção permanente para todos”.

D. Manuel Franco da Costa de Oliveira Falcão nasceu a 10 de novembro de 1922 em Lisboa; após a conclusão do curso de Engenharia, entrou no seminário, em 1945, e foi ordenado padre pelo cardeal-patriarca, D. Manuel Gonçalves Cerejeira.

Por Bula de Paulo VI datada de 6 de dezembro de 1966, foi eleito bispo titular de Telepte e auxiliar do cardeal-patriarca, com a ordenação episcopal a ter lugar a 22 de janeiro de 1967.

A 24 de outubro de 1974, pouco depois da Revolução de abril, foi nomeado coadjutor por Paulo VI, com direito de sucessão do arcebispo-bispo de Beja, D. Manuel dos Santos Rocha, chegando à Diocese em janeiro de 1975.

Aquando da resignação de D. Manuel dos Santos Rocha, por limite de idade, a 8 de setembro de 1980, D. Manuel Falcão passou a bispo diocesano, com entrada solene a 1 de outubro.

O falecido bispo resignou a 25 de janeiro de 1999, ficando como administrador apostólico da Diocese até à tomada de posse de seu sucessor D. António Vitalino Fernandes Dantas, no dia 11 de abril.

O prelado decidiu continuar a viver em Beja, onde escreveu até à sua morte, no semanário diocesano ‘Notícias de Beja’.

PTE/LFS/OC

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Agência ECCLESIA

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