Conclusões do I Encontro Interdiocesano Hispano-Luso de Pastoral Penitenciária Este Encontro nasceu da necessidade eclesial da partilha de experiências, no campo da Pastoral Penitenciária, entre os nossos Países; todos temos a lucrar com a partilha fraterna do que somos, temos e fazemos. No seguimento da reunião havida em Fátima, em Junho de 2007, promovida pela Coordenação Nacional da Pastoral Penitenciária de Espanha, Andorra e Portugal, em que participaram D. Vicente Jiménez Zamora, Bispo de Santander e Responsável da Pastoral Penitenciária de Espanha; D. José Sanches Alves, Arcebispo de Évora e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social; D. Manuel Madureira Dias, membro da mesma Comissão Episcopal; o Vigário Geral de Andorra; os Coordenadores Nacionais de Espanha e de Portugal e outros Sacerdotes Capelães, sentiu-se que um encontro alargado a Capelães e Visitadores Católicos seria um enriquecimento para todos. A Pastoral Penitenciária, ou Pastoral Prisional, deve ocupar um lugar prioritário nas preocupações dos Capelães e dos Visitadores Católicos, enquanto ela pressupõe uma organização a nível das Dioceses, e da sua natural e necessária integração nos respectivos Programas de Pastoral Diocesana. O I Encontro Interdiocesano Hispano-Luso decorreu nos dias 18 e 19 de Abril de 2008, na Casa de Oração de Gévora, Badajoz, e era particularmente destinado às Dioceses do Sul de Portugal e de Espanha; outro Encontro está marcado para as restantes Dioceses de Portugal, e Centro e Norte de Espanha, em Ciudad Rodrigo, nos dias 16 e 17 de Maio próximo. Estiveram presentes: Alguns Bispos da Região Pastoral envolvente, o Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Penitenciária de Espanha, D. Santiago, Arcebispo de Badajoz; o Responsável da Pastoral Penitenciária de Espanha, D. Vicente J. Zamora; D. José Sanches Alves, Arcebispo de Évora e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social de Portugal; um representante da Direcção Geral dos Serviços Penitenciários de Espanha; o Director do Estabelecimento Prisional de Badajoz; vários Capelães de Espanha e de Portugal, e Visitadores Católicos em número de mais de 60 pessoas. O TEMA que nos congregou “O VOLUNTARIADO CATÓLICO NA PASTORAL PENITENCIÁRIA” incluía duas comunicações: “O Ministério do Amor”, tratado por P. Doutor José Tolentino Mendonça (Portugal), e “A Identidade do Voluntário Cristão”, tratado por P. Doutor José Luís Segóvia Bernabé (Espanha). Os Coordenadores de Espanha e de Portugal partilharam as preocupações e os “Desafios da Pastoral Penitenciária” dos respectivos Países, e houve tempo para uma “Mesa de experiências” feita por Visitadores e Capelães. Foi dito que o Amor é uma competência e, por isso, ele aprende-se; não pode ser apenas um sentimento nem mero voluntarismo, nem sequer uma opção: o Amor é uma condição de existência; sem Amor, a Igreja não é. A Primeira Carta aos Coríntios, capítulo 13, a Carta a Filémon e o Evangelho de Lucas foram referências para concluirmos que a vida do Cristão tem a sua fundamentação no Amor, natural e indispensável, e este aprende-se. O estudo e a evolução da Sociedade, ao longo dos séculos, dizem-nos que as pessoas nem sempre se relacionaram como quem tem “um coração que vê” e que, o mais importante no Voluntariado, é a “formação do coração”; o Voluntário não vai à Prisão pelo tempo livre que tem, mas pelo tempo que é capaz de libertar; ele vai e luta por causas e não apenas por coisas; ele não funciona com base num compromisso, mas numa missão, que recebeu de Quem o chamou e enviou a anunciar “o Reino de Deus e a Sua justiça”. Por isso, o Voluntário leva consigo o olhar de Jesus, que era um olhar compassivo, carregado de sentimentos e de carinho, e nunca de julgamento; ele leva um olhar contemplativo, capaz de ver com o coração o coração de quem sofre; não se julga o bom que vai visitar o mau; leva sempre consigo doses grandes de humildade. As conclusões foram-se tirando, cada um e cada grupo, à medida que os temas e as experiências se iam colhendo, nas exposições e nos diálogos informais, durante intervalos e refeições. Mas, de certeza, a vontade de aprender o Amor verdadeiro, de ter e ganhar competências que façam do nosso modo de amar uma expressão do amor do Mestre; a vontade de fazermos do nosso Voluntariado uma verdadeira Missão, como resposta à Vocação que livremente aceitámos. O Voluntário aceita estar em formação permanente, como condição para exercer um Voluntariado à maneira de Jesus Cristo, e sempre em união com a Igreja que o envia, e em equipa pastoral com o Capelão do respectivo Estabelecimento Prisional que, em nome do seu Bispo e da sua Diocese, coordena e anima a Pastoral Penitenciária. O grande desafio que se põe a Capelães, Visitadores e Dioceses é sempre a certeza de que Cristo está na Prisão e lá O vamos encontrar e visitar; de que os Reclusos são Igreja, são baptizados – ou não – que sofrem, por quem temos de ter um “amor preferencial”; de que a lembrança que a Igreja nasceu com uma forte ligação às prisões e a Presos (Cristo esteve preso, tal como os Apóstolos e tantos outros Cristãos…) nos deve mobilizar para uma presença sempre nova, generosa e jubilosa no serviço libertador da pessoa que sofre; de modo a sentirmos a Cadeia como um lugar de verdadeiro “encontro teológico”. As nossas Dioceses terão de ter sempre no seu horizonte e nas suas preocupações pastorais, e dentro dos planos anuais da Pastoral Sócio-caritativa, a Pastoral Prisional ou Penitenciária, independentemente de terem ou não no seu território algum Estabelecimento Prisional; porque todas têm, por certo, gente em reclusão; e todas têm de fazer a prevenção, a reinserção, o acompanhamento às famílias dos reclusos e às vítimas dos crimes; a Pastoral Penitenciária é muito abrangente, e não pode ser vista apenas como um trabalho feito ou a fazer dentro dos Estabelecimentos Prisionais. As últimas e definitivas “Conclusões” serão tomadas e a avaliação destes Encontros só será feita, quando o “I Encontro Interdiocesano Hispano-Luso de Pastoral Penitenciária” se completar, uma vez que ele tem duas partes, e esta foi apenas a primeira. Alegramo-nos pelo grande apoio dado pelos Senhores Bispos que se fizeram presentes, como garantia do apreço que manifestam por este sector da vida Pastoral da Igreja, e pelo estímulo dado a Visitadores e Capelães das Prisões. A mesma alegria e gratidão a quantos prepararam o Encontro e partilharam saberes e experiências, bem como à ICCPPC – EUROPA (Comissão Internacional da Pastoral Católica das Prisões – Europa) que integrou esta realização dentro dos seus planos de acção. Pe. João Gonçalves