O Verão está à porta

Padre Hugo Gonçalves, Diocese de Beja

 Quem não gosta do Verão?

A evidência desta pergunta está intrinsecamente unida à inquestionável resposta sobre a época do ano que mais ansiamos, já que é sinónimo de descanso, férias, festas, de dias de sol, noites amenas, passeio ou a sempre apetecível água do mar.

O Verão traz consigo as tão desejadas férias, o descanso com a família e os amigos, o reencontro com aqueles que estão longe e que regressam; é tempo dos arraiais, das esplanadas cheias, dos grelhados, do convívio. São muitos aqueles que também rumam às zonas balneares do nosso país – não havendo centímetro da costa portuguesa que não esteja ocupado nesta época.

A preparação para este acontecimento – o das férias – faz-se com antecedência: escolha do destino de férias; aluguer do espaço onde se vai passar esses dias; sistematização da logística de tudo o que tem de se levar; escolha de alguns lugares e monumentos turísticos e culturais a visitar. No caso das famílias com filhos pequenos, acresce a necessidade de se planear como os ocupar em determinadas horas mortas do dia.

Nos canais televisivos iniciam as campanhas publicitárias de verão: os gelados, as bebidas, os refrigerantes, a apresentação de locais e restaurantes a visitar. Naturalmente também surgem algumas campanhas de sensibilização nos nossos canais de televisão: a atenção que devemos ter nas horas de maior calor; os cuidados a ter na prevenção do cancro da pele; a questão da hidratação, sobre tudo dos mais novos e dos de mais idade; a vigilância com o uso do fogo, etc. … Já me esquecia: e o apelo a não abandonarmos os animais de estimação.

A descrição que foi elencada pode parecer desesperante para quem anseia por férias ou maçadora para quem deseja perceber a que objectivo nos conduz este artigo. Pois bem, para aguçar a temática, acresce-se uma outra pergunta: ainda que muitos mais elementos pudéssemos acrescentar, resta-nos saber se falta verdadeiramente algo determinante na descrição feita? A resposta é simples e incisiva: Sim!

Se é importante que sejamos pessoas cuidadosas a preparar os merecidos dias de descanso através das zelosas diligências atrás referidas e com atenção aos cuidados e alertas emitidos pelas autoridades públicas, também é importante e justo correspondamos em tempo de férias aos cuidados que procuramos ter durante todo o ano. Que cuidado é esse? O cuidar da forma como permitimos como Deus faça parte das nossas vidas! Por isso, a resposta que buscamos encontra-se simplesmente em Deus! Na interminável lista de programações e de sítios a visitar pode acontecer que o Senhor seja o primeiro a ser esquecido, abandonado à porta de casa, sem lugar na viagem, sem espaço na casa de férias e sem qualquer momento para se permitir a Sua presença. As férias do trabalho e da escola tornam-se também elas férias de Deus, como se de uma simples actividade se tratasse e como se entre nós e Deus não existisse a mais profunda experiência de vida e comunhão.  Quantos procuram informação antecipadamente sobre os horários das inúmeras celebrações da Missa nos lugares de veraneio? Quantos vão à Missa nos dias de férias? Quantos decidem aproveitar aqueles tempos mortos depois do almoço para pegar no Novo Testamento (formato livro de bolso) ou noutra leitura espiritual para ler? Quantos aproveitam para rezar nessas mesmas horas, quer a sós, quer com a família?

As férias poderão ser a boa oportunidade para, descansando e divertindo, podermos ter tempo para renovar a nossa relação com Deus: rezando com mais calma, dedicar mais tempo para estar com o Senhor, rezar em família. Esses dias podem ser uma oportunidade de aproveitar o tempo com algo que nos vá reconstruindo de um ano de canseiras: a Sagrada Escritura ou um bom livro para leitura espiritual. Recordemos algumas fotos conhecidas de São João Paulo II, o qual, quer como padre e bispo ou já como Papa, sempre aproveitou nas suas ‘escapadelas’ de férias e no contacto com a natureza, oportunidades para se dedicar à oração da liturgia das horas, para rezar o terço, ou para fazer uma boa leitura. Se levarmos Deus connosco, se Lhe dermos espaço no carro e em casa, com toda a certeza que serão as melhores férias que alguma vez tivemos, pois a Sua presença por meio da oração, da Missa e da leitura espiritual, trarão consigo uma paz, uma serenidade e uma vivência desses dias com a família que quem não O leva não tem.

Se vai de férias, não esqueça de levar Deus consigo.

 

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