Octávio Carmo
A aproximação das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que este ano abordam o tema ‘Uma rede de pessoas’, traz de novo a debate a relação da Igreja Católica com as novas tecnologias da comunicação e a necessidade de olhar para estes fenómenos como realidades humanas e não apenas como questões técnicas. Estão em causa contactos, relacionamentos, formas de pensamento e até ambientes culturais que fazem das redes sociais e da dinâmica comunicativa da era digital um novo continente, a evangelizar.
Não estamos apenas perante um meio, mas perante um verdadeiro espaço vital, daí a importância do convite repetido pelo Papa Francisco para uma cultura do encontro que convida a Igreja Católica a promover um testemunho cristão no mundo digital para chegar, através da rede, às periferias existenciais.
Também nestes espaços, contudo, é difícil estabelecer um verdadeiro diálogo, sem querer subjugar o outro à nossa visão do mundo, à nossa palavra definitiva que não admite contraditório, à redução a preconceitos e fanatismos da opinião diversa.
A mensagem e a experiência da mensagem são igualmente importantes nestes espaços virtuais, nos quais é importante fugir ao capricho da tecnofilia e superar, também, a idolatria do conteúdo para evitar a comunicação unidirecional, limitada ao anúncio. Como diz um especialista, é preciso passar da comunicação da experiência cristã à comunicação como experiência cristã.
Os responsáveis por este setor têm debatido a importância de, seguindo o exemplo de Francisco, considerar a comunicação em termos de proximidade e de reduzir distâncias, para que a mensagem da Igreja chegue a todos. Estamos perante uma mudança cultural e não apenas tecnológica, num continente digital em que não há espaços em branco. A nova evangelização exige que também aí os católicos apresentem a sua proposta de sentido: Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida.