Frei Tibério Zilio, da Ordem dos Frades Menores Conventuais, diz que a esperança está a nascer entre os jovens nas paróquias no Vale de Chelas, em Lisboa, marcadas pela pobreza cultural e muito diversas mas onde a generosidade ajuda a congregar.
Há mais de 20 anos em Portugal e atual pároco nestas comunidades, o frade, natural de uma vila pequena perto de Pádua, percorre as ruas de Chelas proporcionando o encontro que acredita fará a diferença nas vidas de quem ali habita, mas também na sua – seguir hoje São Francisco de Assis significa abraçar os encontros e a riqueza escondida dos outros, marcada pela pobreza, mas cheia de gratuidade, e onde o caminho da participação vai ganhando contornos transformadores.
«Não é culpa dos jovens se são inconstantes. A nossa vida é precária e estamos a oferecer precaridade aos jovens, não podemos pretender perfeição. Mas eles, com criatividade ultrapassam-nos. Os jovens estão a ensinar um estilo de vida ecológico. É importante que o mundo adulto abra o coração e as portas da comunidade para fazerem, com erros e limitações, mas deixar entrar. Assim a Igreja renova-se».
«Todos temos um tesouro, um mundo belíssimo dentro e nós, que muitas vezes escondemos ou não apreciamos. No encontro gratuito, acontece sair o que somos, o que podemos fazer por nós e pelos outros».
«O nosso desafio é como ser Igreja em saída ao encontro de quem ou não é religioso ou está na dúvida ou vive de maneira diferente com outros valores, mas que estão ali ao teu lado».
«A minha mãe não era de ajudar todos, mas sempre que olhava para os pobres, que conhecia, ajudava. Eu, pequeno, observava a minha mãe que ajudava um velhinho que passava de vez em quando para consertar utensílios. Às vezes não tínhamos nada para lhe dar mas a minha mãe arranjava sempre uma tesoura, uma faca ou um guarda-chuva para ele arranjar, pagava-lhe e dava-lhe um prato de sopa quente. Isto mexeu comigo. Aquilo que vivemos com a nossa família é marcante para o futuro, fica gravado no coração».
«Foi em 1989, quando fui a Assis para uma semana de espiritualidade, e frade perguntou-me se tinha pensado ser frade e eu nunca tinha pensado; eu pensei seriamente e associei a tudo aquilo que o meu coração já vivia, também a vida simples de São Francisco. Na sexta-feira dessa semana, à frente de 130 jovens, antes de voltar para casa, disse a todos que entrava no convento».