O tempo presente com os olhos das crianças e adolescentes

Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC)

O Movimento de Apostolado de Adolescentes e Crianças (MAAC), constituído por adolescentes e crianças acompanhados por jovens e/ou adultos, privilegia os meios mais desfavorecidos nas zonas urbanas e rurais, embora esteja vocacionado para todos os meios sociais.

Como Movimento de Igreja, é essencialmente apostólico e pretende que as crianças e adolescentes sejam ativos na evangelização dos seus colegas e do seu próprio meio.

É no seu grupo de base que as crianças e adolescentes constroem o sentido de equipa, descobrem os valores que os unem e os ajudam a olhar para a realidade com outros olhos. Neste sentido é muito importante valorizar as vivências e o sentir destes protagonistas da história, tantas vezes esquecidos e marginalizados nas suas várias expressões de vida.

Na partilha dos acontecimentos pessoais, do meio e até do mundo inicia-se o processo daquilo a que chamamos revisão de vida. E muitas têm sido as partilhas feitas nos últimos tempos sobre a situação de muitas famílias portuguesas e das suas próprias famílias.

As crianças e adolescentes do MAAC sentem e vivem, de forma direta ou indireta, as consequências associadas à atual situação de crise existente no país, em particular, a perda do emprego pelos pais ou por familiares de colegas da escola.

Outra preocupação, não menos importante, e que as crianças manifestam com tristeza, é a dificuldade dos pais terem tempo para estarem com elas. Em muitos casos, isso deve-se aos horários longos e flexíveis do trabalho dos mesmos. Como consequência, existem crianças e adolescentes que cuidam dos seus irmãos durante longos períodos do dia e da noite, porque os pais estão a trabalhar. Muitas delas são obrigadas a deixar de viver a sua infância e a assumir responsabilidades próprias dos adultos. Muitas vezes apegam-se às novas tecnologias como escape para terem companhia, ainda que virtual.

As crianças apercebem-se das dificuldades financeiras no seio das suas famílias ou de colegas próximos. Sabem que alguns colegas na escola recebem apoio escolar (os colegas que estão no escalão A e B que recebem apoio a nível da alimentação e do material escolar) e que há pobreza em algumas famílias, nomeadamente, a falta de dinheiro para comprarem bens essenciais. Esta realidade toca-lhes cada vez mais. Mostram preocupação, estão sensíveis a estes problemas e procuram agir para transformar essas situações. Nestas reflexões despertam para os pequenos gestos solidários, contribuindo para a construção de um mundo melhor. Por exemplo, realizam ações de ajuda e partilha para com quem mais precisa, através da recolha de alimentos e distribuição de cabazes a famílias carenciadas do seu bairro, inclusive as suas próprias famílias; demonstram atenção e solidariedade para com as suas familias, ao evitarem que as dificuldades económicas vividas sejam afetadas pela necessidade de financiar as suas atividades no movimento, através da realização de um projeto de angariação de fundos com esse objetivo.

Uma outra realidade sobre a qual as crianças e adolescentes se manifestam é a violência que se faz sentir, por vezes, no seu contexto familiar (violência doméstica entre os pais e dos pais para com os filhos) ou no seu contexto escolar – a violência (verbal e física) entre alunos e, nos casos mais graves, de bullying: alunos mais velhos que batem ou “pregam partidas” aos mais novos de um modo fortuito, insultos, roubos, perseguições. Este problema tem diversas consequências nas vítimas, tais como sentimentos de tristeza e de angústia, o insucesso escolar, o medo de sair de casa com o consequente isolamento e a exclusão social e, nos casos mais graves, até o suicídio. Esta é, sem dúvida, uma das chagas que mais aflige as crianças.

Mas as crianças são portadoras de grandes sinais de esperança. Ao fazerem revisão de vida sobre a crise descobriram que há valores que as fazem muito felizes como a amizade, a partilha, o convívio e que não precisam de ter dinheiro para os adquirir. Precisam apenas de os praticar e quando chega a crise têm um bom suporte emocional.

As crianças e adolescentes do MAAC interrogam-se sobre a vida e o modo como desejam crescer. Sentem como aspetos essenciais para crescerem em alegria e em harmonia, como pessoas e cidadãos, o facto de terem: acesso à educação (escola) e à formação pessoal; o cuidado e o amor da família e dos amigos; o respeito dos outros; alimentação e outras condições necessárias ao seu bem-estar tais como, cuidados de saúde, o descanso, momentos de diversão e para brincarem; a presença do amigo Jesus e de aprenderem com Ele muitos valores; a Palavra de Deus como alimento para as suas vidas. Elas comprometem-se a ser protagonistas: a agir em respeito, comunhão e solidariedade para com as outras pessoas e em responsabilidade para com o nosso planeta.

As crianças acreditam que os seus pequenos gestos podem ajudar a transformar o mundo e, exigem de todos nós, que as suas opiniões sejam escutadas e tidas em conta.

MAAC Nacional

 

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