A Diocese de Viseu iniciou em 2010 um processo sinodal que, até 2015, envolve leigos, religiosos e padres católicos no estudo e apresentação de propostas para renovar a ação da Igreja.
Em setembro de 2010 o bispo, D. Ilídio Leandro, apontou os objetivos do sínodo: constituir uma diocese fundada na “comunhão” e “corresponsabilidade”; adaptar a Igreja local ao “envelhecimento generalizado”, “crescimento urbano”, “despovoamento rural” e “acelerada diminuição de sacerdotes”; melhorar as celebrações, “com incidência clara na Iniciação Cristã e outros aspetos da dimensão litúrgica”; aperfeiçoar a “formação e experiência cristã evangelizadora”; tornar mais evidente uma presença cristã “solidária”, o que implica “um sério programa de revisão de comportamentos e de intervenção social”.
A primeira fase está a ser marcada pela análise de quatro documentos do Concílio Vaticano II, aberto há 50 anos, onde se procuram orientações que estruturem a diocese nos próximos anos: ‘Lumen gentium’ (relativo à orgânica eclesial, estudado em 2011), ‘Dei verbum’ (acerca da Bíblia, no mesmo ano), ‘Gaudium et spes’ (sobre a relação entre a Igreja e o mundo, em 2012) e ‘Sacrosanctum concilium’ (dedicado à Liturgia, a analisar em dezembro).
Para a Quaresma e Páscoa de 2013 está previsto um “grande inquérito individual”. O questionário tem como objetivo “auscultar toda a diocese, sejam cristãos praticantes ou não”, dado que “a Igreja precisa de estar atenta àquilo que os outros, um pouco de fora” sugerem e criticam, segundo o bispo.
A etapa final do Sínodo, correspondente aos dois últimos anos, é reservada à elaboração de documentos que resultam da análise aos trabalhos de grupo e inquérito individual, textos que vão dar origem à realização de assembleias sinodais. Em 2016 encerra-se solenemente o sínodo, ocasião que coincide com o 500.º aniversário da dedicação da catedral.
Processo sinodal
A apresentação do sínodo decorreu a 10 de outubro de 2010, em Viseu. D. Ilídio Leandro pediu aos participantes para que essa instância consultiva do prelado torne a diocese “celebrativa, evangelizadora e solidária”, segundo as linhas fundamentais do concílio. A 15 do mesmo mês o bispo dava entrada no hospital da cidade com um princípio de AVC (acidente vascular cerebral), de que viria a recuperar dias depois.
A constituição de grupos nas paróquias, movimentos e congregações religiosas foi lançada em janeiro de 2011. D. Ilídio Leandro manifestou o desejo de terminar esse processo em março mas frisou que as equipas poderiam aparecer “em qualquer altura”, dado que a diocese “não quer excluir ninguém”.
No fim de junho estavam registados mais de 400 grupos. No mesmo mês D. Ilídio Leandro mencionava a existência de equipas em 126 paróquias, num universo de 209. “Ninguém deve ficar parado, indiferente ou a assistir passivamente ao desenvolvimento deste Projeto. Muito mais dispensamos os que só fazem crítica negativa, não dando qualquer contributo à sua melhoria e realização”, assinalou.
No início de 2012 o site diocesano publicava uma nota onde D. Ilídio pedia aos padres para avaliarem o seu envolvimento no sínodo. Em janeiro o bispo observava a existência de paróquias “onde não se sentem os ares do Sínodo”. Também no mesmo mês decorreu o Fórum Sinodal Juvenil.
Em fevereiro realizou-se o recenseamento da prática dominical na diocese. Face aos dados do censo anterior, em 2001, a participação decresceu nove pontos percentuais: de 28,6% passou para 19,9% da população, que em 2011 era de 260 mil habitantes. Em 1991 a frequência às missas de domingo era de 33,4%.
A opinião das pessoas afastadas ou em rutura com a Igreja Católica voltou a ser pedida em março: “A vossa colaboração é importante e necessária, seja em críticas ou sugestões construtivas, seja em compreensão pelas falhas e limites de todos nós”. Um inquérito de rua realizado pelo ‘Jornal da Beira’ em cinco localidades da diocese revelava que 84% dos inquiridos “não sabiam o que era o sínodo”.
Desde o seu arranque que o sínodo, com site específico em http://sinodo.diocesedeviseu.pt/, tem sido continuamente pontuado por assembleias, jornadas de formação de leigos e elaboração de textos de ordem teológica e espiritual.
RJM