O Sínodo na Diocese de Viseu

Carta Pastoral de D. Ilídio Leandro

Na Carta Pastoral de Junho deste ano apresentei, globalmente, o anúncio, o caminho e o programa genérico do Sínodo da nossa Diocese de Viseu, a celebrar entre 2010 e 2015, evocando os 50 anos do Concílio Vaticano II. Hoje, quero apresentar, mais detalhadamente, os elementos que, aprovados na reunião extraordinária do Conselho Presbiteral de 13 de Setembro de 2010, vão ser tornados públicos na Assembleia Diocesana pré-Sinodal, a realizar no próximo dia 10 de Outubro.

O Sínodo propõe-se reflectir, programar e concretizar uma renovação da Igreja de Viseu que, sob a dinâmica da comunhão, a torne uma Igreja celebrativa, evangelizadora e solidária, segundo as linhas fundamentais do Vaticano II. Este objectivo fundamental do nosso Projecto somente é possível se, desde o início, todos os seus membros – leigos, sacerdotes, religiosos, seculares e outros consagrados – se entusiasmarem por acolher, abraçar e realizar todas as dinâmicas, etapas e propostas que forem sendo encontradas, sugeridas e reflectidas ao longo do caminho.

Os três anos de preparação que agora começam visam, precisamente, esta mobilização de todos. A partir de um LEMA bem claro – da Comunhão para a Missão – queremos propor um TEMA consequente: uma iniciativa pastoral, à luz do Vaticano II, tendente a uma renovação da Igreja de Viseu, a partir dos elementos fundamentais da comunhão para, à escuta do Espírito Santo e seguindo Jesus Cristo em permanente missão, se tornar atenta aos desafios e prioridades do nosso tempo.

 

1. Sínodo Diocesano – Proposta

Com esta clara determinação assumida por todos, fazemos uma PROPOSTA SINODAL, a ser estudada nos anos de preparação e a ser concretizada em moções a elaborar e a apresentar nas Assembleias Sinodais. Ela quer esclarecer e alargar o tema e abrir para os objectivos que serão indicadores ao longo de todo o trabalho dos 5 anos. Nesta proposta afirmamos que o Sínodo Diocesano quer ser oportunidade de celebrar os 50 anos do Vaticano II com uma reflexão organizada e aprofundada, tendente a uma renovação evangélica, espiritual, estrutural e pastoral da nossa Igreja Diocesana.

Ao mesmo tempo, é indispensável que se torne oportunidade de, em conjunto – bispo, padres e leigos da Diocese de Viseu – olharmos a nossa Igreja a partir dos elementos fundamentais da comunhão: organicidade e corresponsabilidade que nos são apresentados pela Lumen Gentium.

Sendo assim, a partir daí procuraremos construir uma Igreja celebrativa: orante e sacerdotal (Sacrosanctum Concilium); uma Igreja evangelizadora: confessante e anunciante (Dei Verbum); uma Igreja solidária: ética e testemunhante (Gaudium et Spes).

Sem dúvida que assim, estaremos a viver e a construir uma Igreja que está no tempo e atenta às pessoas e às circunstâncias das diferenças e das mudanças – hoje tão rápidas e tão abrangentes – num pluralismo e numa globalização que marcam o crer, o anunciar e o viver Jesus Cristo.

 

2. Objectivos do Sínodo

Não é fácil atingir a realização perfeita de todos os objectivos que se antevêem necessários para a nossa Igreja de Viseu. Porém, eles são claros, apresentam-se como urgentes, merecem a nossa aposta e dependem, em grande parte, de todos e de cada um de nós, sobretudo dos pastores. Também parece evidente que depende destes objectivos a renovação da nossa Igreja Diocesana para os próximos anos. Tendo em conta as transformações a fazer, fruto das mudanças sociológicas, humanas, culturais e pastorais, é necessário preparar o futuro de uma Igreja que seja Casa e Escola de Comunhão e que prepare os necessários agentes da acção pastoral para realizar todos os seus fins.

Recordo aqui os objectivos que se têm por essenciais. Importa tê-los presentes na nossa actuação e na nossa oração e importa não nos cansarmos de os propor, como grandes desafios, nas nossas prioridades.

 – Procurar aplicar, tanto quanto seja possível, a visão pastoral conciliar da Lumen Gentium na Diocese de Viseu, estruturando esta como uma Igreja fundamentada na comunhão, cuidando a organicidade e a corresponsabilidade.

 – Estudar a (re)estruturação da Diocese, tendo em conta a nova situação populacional (o despovoamento rural e o crescimento urbano, com o envelhecimento generalizado), situação social, cultural e de ligações viárias e tendo em conta uma crescente e acelerada diminuição de Sacerdotes, precisando-se de novos agentes.

 – Organizar um melhor esquema de experiência cristã celebrativa: tendo em conta um sério programa de formação mistagógica, com incidência clara na Iniciação Cristã e outros aspectos da dimensão litúrgica (orante e sacerdotal).

 – Preparar um melhor esquema de formação e experiência cristã evangelizadora: tendo em conta um sério programa de formação humana, em ordem a uma “Nova Evangelização” (confessante e anunciante), onde já ressoou o 1.º anúncio.

 – Configurar uma identidade cristã solidária de presença no mundo: tendo em conta um sério programa de revisão de comportamentos e de intervenção social (justa e testemunhante).

 

3. Assembleia Diocesana pré-Sinodal

Depois de algum trabalho de preparação de múltiplos elementos de divulgação e de apresentação do Projecto Sinodal a todos, preparamo-nos para o tornar público numa Assembleia Diocesana pré-Sinodal, marcada para o próximo dia 10 de Outubro, no salão Multiusos de Viseu. Terá como programa a apresentação do Sínodo e do caminho a percorrer, dos conteúdos fundamentais a iluminar-nos e da metodologia a seguir, sobretudo com a apresentação do programa do 1.º ano de preparação.

Haverá, também, um espaço de diálogo, sobretudo para tirar dúvidas e para encontrar esclarecimentos que nos mobilizem a todos – leigos, religiosos, membros de institutos seculares, outros consagrados e padres – para acreditarmos na necessidade de renovação e para escutarmos o que o Espírito Santo quer, hoje, dizer à Igreja de Viseu.

Os destinatários desta Assembleia são todos os cristãos da Diocese, privilegiando, naturalmente, os seus representantes. Assim, são convidados directamente: Sacerdotes; Grupos de Corresponsabilidade das Paróquias e dos Arciprestados; Secretariados Diocesanos; Professores de EMRC; CIRP; Direcção dos Movimentos da Diocese. Pede-se que os responsáveis destes diversos sectores façam o convite directo a todos os seus membros, com tempo suficiente para todos poderem libertar-se de outros quaisquer compromissos. Esta experiência, que agora vai começar, aparece-nos como um verdadeiro kairós, isto é, como uma graça especial que se oferece como uma oportunidade para olharmos a Diocese à luz do amor que Deus nos tem, inspirando-nos os necessários caminhos de conversão e de mudança para a renovação, na esperança de uma verdadeira e autêntica comunhão.

 

4. A não faltar…

Essencial e a não faltar – deve ocupar o 1º lugar – é a oração. O protagonista de todo o Projecto Sinodal – dada a sua importância, dada a sua complexidade e os objectivos e consequências que devem estar em jogo – é o Espírito Santo. Este Projecto diocesano é uma graça muito importante que nos compromete a todos e que exige, a todos e a cada um dos cristãos da Igreja de Viseu, o maior empenho, a máxima generosidade, a melhor atenção. Compromete e exige, sobretudo, a inteira e afectiva disponibilidade do coração do pastor.

A oração a distribuir por todas as crianças da catequese; a oração a motivar todos os jovens; a oração a pedir a todos os doentes e idosos; a oração a incentivar a todos os casais e pais de família; a oração a incluir em todas as celebrações dominicais e solenidades; a oração a fazer em horas de adoração a promover em todas as comunidades; a oração a incentivar-nos a todos nós, consagrados, a dedicarmo-nos à escuta de Deus e à resposta fiel e alegre aos desafios que a sociedade nos coloca…

Nesta oração da Igreja Diocesana, peçamos a intercessão de Maria, a Senhora do Altar-Mor. Ela é a Mãe que está connosco, pedindo e aguardando que façamos a vontade de Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, que é Deus e vive com o Pai, na unidade do Espírito Santo. Amen!

VISEU, 21 de Setembro de 2010

+ Ilídio, bispo de Viseu

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