Cónego Hélder Mendes afirma que atualidade das festas é dizer «a bondade, a caridade, a alegria, a abundância, o excesso, a misericórdia»
Angra do Heroísmo, Açores, 17 jul 2020 (Ecclesia) – O cónego Hélder Fonseca Mendes, vigário-geral da Diocese de Angra, disse que os açorianos são “missionários” do Espírito Santo, celebrado de forma especial “por ocasião do Pentecostes e em todo o Tempo Pascal”.
“Hoje conseguimos fazer um mapa da manifestação popular do Espírito Santo no mundo através da presença açoriana”, afirmou o sacerdote na conversa ‘O Sagrado e as Gentes’, nesta sexta-feira.
Segundo o cónego Hélder Fonseca Mendes, a diáspora açoriana teve “um efeito duplo”: levou as festas do Espírito Santo e à sua “bandeira” juntou a bandeira do país, “é um fator de identidade do próprio povo de Deus e dos missionários do Espírito Santo no mundo que são os açorianos”.
O vigário-geral da Diocese de Angra assinala que o título destas ‘Conversas na Ecclesia’ – ‘O Sagrado e as Gentes’ – “é muito oportuno” sobre estas festividades da religiosidade popular açoriana: “Diz muito bem sobre a envolvência do culto do Espírito Santo aqui nos Açores e através dos Açores, de que fomos herdeiros desde o povoamento dessa tradição vinda da Europa e de Portugal continental, passou o Atlântico e chegou à América do Sul e à América do Norte e outras regiões como a Ásia, África, através dos descobrimentos e da presença portuguesa e de modo particular açoriana nesses continentes”.
O sacerdote, doutor em Teologia Pastoral com uma tese sobre o Espírito Santo, acrescenta que “todos os domingos do tempo Pascal” são conhecidos como “domingos do Espírito Santo”.
A partir do dia de Páscoa “até ao dia de Pentecostes, o domingo do Espírito Santo ou o primeiro bodo, o voto de fazer, de dar algum dom no dia do Espírito Santo e se prolonga nessa oitava” e por causa da migração, a diáspora, “também um pouco ao longo do verão”.
O cónego Hélder Mendes realça que as festas ao Divino Espírito Santo são realizadas “pelo prazer ou pela alegria, pela justiça, pela bondade, pela caridade”, e, neste sentido, têm uma atualidade que “desdiz um pouco daquilo que é a visão da economia”, porque nas irmandades “está uma economia social, está a partilha, está o excesso, está a misericórdia, está a justiça”.
“Este tempo de festas é sobretudo um tempo de alegria. Este ano foi extraordinário, muito difícil para se viver as festas do Espírito Santo, só me lembro de uma situação semelhante há 40 anos quando foi o terramoto que não se fizeram as festas, mas fica em gérmen para que possam acontecer alguma vez, as pessoas ficam em standby”, desenvolveu.
Nos Açores existem centenas de Irmandades do Divino Espírito Santo, com estatuto jurídico próprio civil e canónico; a maioria nasceu no século XVII, a Irmandade do Santo Espírito de Angra é a mais antiga, de 1492, e são, segundo o sacerdote, “outra riqueza” destas festas com a “dupla vertente” da “promoção ao culto ao Espírito Santo mas, logo associado, a prática da caridade”, sendo “cultuais e caritativas”.
Neste mês de julho, a segunda temporada das ‘Conversas na Ecclesia’ apresentam tradições, festas e eventos culturais com a marca religiosa nas 20 dioceses de Portugal, de segunda a sexta-feira, com o tema ‘O Sagrado e as Gentes’.
CB