O rumo do país no «Átrio dos Gentios»

Espaço de encontro entre crentes e não crentes é oportunidade para superar desconfianças, diz D. Carlos Azevedo

Octávio Carmo, enviado da Agência ECCLESIA ao Vaticano

Cidade do Vaticano, 12 out 2012 (Ecclesia) – A sessão portuguesa do ‘Átrio dos Gentios’, projeto de encontro entre crentes e não crentes dinamizado pelo Vaticano, vai trazer em novembro uma reflexão sobre o rumo da vida pessoal e do país perante a crise.

A posição é assumida por D. Carlos Azevedo, membro do Conselho Pontifício da Cultura, organismo da Santra Sé responsável por esta iniciativa, que vai estar em Braga e Guimarães “numa hora em que Portugal se vê numa encruzilhada”.

“O estilo de vida das pessoas vai ter de mudar muito, nos próximos tempos, devido à situação económica”, referiu o prelado português à Agência ECCLESIA, no Vaticano.

Este responsável espera que a iniciativa congregue esforços para criar uma “força moral” que unifique os portugueses e a própria Igreja apresente “os sinais que são sempre fundamentais para guiar o futuro”, em gestos concretos e “opções políticas”.

“Estamos a precisar, neste momento, que cada um dê o melhor de si mesmo”, prossegue.

D. Carlos Azevedo, que supervisiona o trabalho do CPC na área do património, elogia a escolha da temática do “valor da vida” para a sessão minhota, sublinhando que esta é uma “questão essencial”.

Além das conferências, o encontro com vários workshops sobre as várias dimensões da vida, incluindo, por exemplo, o tema do desporto ou a questão da biogenética, para além da ecologia.

Em causa, destaca o bispo português, está a “resolução de problemas que têm a ver com o futuro da humanidade, na questão da qualidade, do estilo de vida, da identidade de um povo”.

D. Carlos Azevedo deixa o seu “convite forte” a um verdadeiro encontro entre crentes e não crentes para momentos de “reflexão profunda”, em conjunto, e também de festa.

“A participação no bem comum tem raízes e essas raízes devem ser bem claras, porque só assim ultrapassamos atitudes que vêm de uma hegemonia cultural”, observa.

O prelado admite que a presença católica na sociedade tem de superar “anticorpos” e anticlericalismos, mas alerta que a própria Igreja tem de perceber que “o clericalismo é um vício, uma atitude que degrada o que o Evangelho pede”.

O ‘Átrio dos gentios’ vai chegar pela primeira vez a Portugal entre os dias 16 e 17 de novembro nas cidades de Guimarães e Braga, respetivamente capitais europeias da cultura e da juventude no ano de 2012.

“Identidade e sentido da vida de um povo” é a temática escolhida para a conferência de abertura, pelo ensaísta Eduardo Lourenço, a que se segue o debate sobre “o valor e o sentido da vida de cada ser humano”, com o cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do CPC, e o neurocirurgião português João Lobo Antunes.

A iniciativa passou por várias cidades europeias depois da sua sessão inaugural em Paris, em março de 2011.

OC

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