O futuro da Igreja Católica na China passa por uma adaptação à cultura local e pela plena liberdade religiosa neste país. Assim o entendem os especialistas reunidos no colóquio sobre o cristianismo na China que teve lugar em Fátima, nos dias 22 e 23 de Novembro. “O Povo chinês carece de uma Igreja incarnada na alma cultural chinesa para deixar de ser estrangeira e de uma Igreja separada do poder político para poder ser livre. Acreditamos que o ministério de unidade exercido pelo Papa é a garantia mais segura de uma Igreja una, santa e universal”, pode ler-se no comunicado final enviado à Agência ECCLESIA. A iniciativa, organizada pelos Missionários do Verbo Divino (SVD) com a colaboração das Servas do Espírito Santo e o apoio de algumas instituições, juntou cerca de centena e meia de participantes, religiosos, sacerdotes e leigos para abordar a realidade chinesa ajudados por especialistas portugueses e estrangeiros. No encontro foi destacada a importância de se defender, nas instâncias internacionais, a separação entre o poder político e o religioso na China, “pedindo ao governo chinês que promova a legítima separação entre o poder religioso e civil para que não se cometam, hoje, os mesmos erros do passado”. Wilhelm Muller, missionário SVD, expulso da China em 1996, falou sobre a actual situação na China ao nível religioso destacando o facto de na China haver cerca de 12 milhões de cristãos. Quanto à divisão existente entre a Igreja “oficial” (controlada pelo governo chinês) e a Igreja “clandestina”, esclareceu que ela ocorre “ao nível da interpretação da função do Papa e da sua autoridade para dirigir concretamente a Igreja em todo o mundo.” A situação tem vindo a agravar-se recentemente, com a intensificação da perseguição à “Igreja do Silêncio”, interdita pelo governo chinês por reconhecer apenas a autoridade do Vaticano e não a de Pequim. Centenas de igrejas foram fechados pelas autoridades e na semana passada o bispo de Baoding, Santiago Su Zhimin, foi visto pela primeira vez após ter sido detido pela polícia em Outubro de 1997 – desde então muitos governos e associações católicas reclamaram notícias do prelado e solicitaram a sua libertação, mas o governo chinês nunca informou nada a seu respeito. Os trabalhos apresentados nestes dias em Fátima deverão ser publicados em breve, segundo informam Missionários do Verbo Divino (SVD).