O Papa Francisco é uma referência incontornável na Igreja e no mundo

+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

Foto: Agência ECCLESIA/PR

O Papa Francisco é uma figura da Igreja, mas também pública, de quem se tem falado muito desde sempre, mas em especial desde o dia 14 de fevereiro, data em que foi internado no Hospital Gemelli, com uma pneumonia bilateral. Com prognóstico reservado, mas em situação estável e com ligeiras melhorias celebrou o 12.º aniversário do seu Pontificado, recordando o dia 13 de Março, quando no Consistório foi eleito como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Universal.

São múltiplos os momentos marcantes destes 12 anos de serviço à Igreja e ao Povo de Deus como líder da cristandade. A sua (com)paixão por todos, em particular pelos pobres, pelos doentes, pelos migrantes, pelos marginalizados, pelos refugiados, pelas vítimas das guerras e pelos sem abrigo e deslocados do mundo é sempre uma preocupação na sua peregrinação eclesial.

É a ele que devemos também a renovação atual da Igreja, nas suas estruturas eclesiais, organização pastoral, visível através de serviços ocupados por mulheres em alguns Dicastérios da Cúria Romana, em lugares de gestão nas dioceses, seminários e paróquias, sem deixar de fazer referência ao lugar da mulher e dos leigos na organização e na realização do Sínodo sobre a sinodalidade.

É um Pastor que sabe interagir com a vida concreta das pessoas nas mais diversas vocações e situações de saúde e de doença, na prosperidade e nas dificuldades, no mundo da cultura, do diálogo, da arte e do ecumenismo mesmo enfrentando problemas de ordem pública e política.

É um Pontífice de desafios pertinentes e atuais para a Igreja e para o mundo, de processos, de participação, de implementação da conversação no espírito, da reflexão para a missão renovada da Igreja, aberta a “todos, todos, todos”, na esperança da evangelização com o objetivo de alcançar a mudança conciliar e sinodal, de conversão efetiva e renovação de todos os batizados na participação das relações entre pastores e leigos, cordiais e alegres.

O seu trabalho é sempre focado numa Igreja aberta a todos, disponível, de portas abertas, em saída para as periferias, sinodal e missionária, em proximidade criando espaços de escuta, de diálogo e de discernimento.

Nesse âmbito, já assinou o documento para uma aplicação mais concreta e específica das Orientações do Documento Final do Sínodo, dando orientações com respostas concretas e objetivos a alcançar em processos pastorais de renovação e concretização eclesial neste caminho Pós-Sínodo até ao ano de 2028.

A Igreja progrediu muito com ele e continua a precisar dele para que muitas das suas propostas e orientações pastorais sejam postas em prática nas dioceses de todo o mundo e sejam aceites como Magistério proposto por ele. É preciso aproveitar esta hora de bênção e de graça que o Espírito Santo está a conceder à Igreja, neste caminho sinodal e de peregrinação Jubilar de Esperança como desafio a uma nova sementeira do anúncio da “Alegria do Evangelho”.

Francisco é um Papa sensível às pessoas, aos problemas sociais, aos vulneráveis, aos explorados, às minorias marginalizadas, às vítimas de abusos sexuais, de poder ou de qualquer ordem dentro das estruturas da Igreja.

O amor preferencial pelos pobres está expresso em tantos apelos, esforços, orações e sofrimentos oferecidos pela paz na Ucrânia, na Faixa de Gaza, no Líbano, na Síria, no Irão, no Iraque, em tantos países da África, da Ásia e América Latina, onde o entendimento entre os povos, religiões e culturas tribais semeiam atitudes de ódio, de violência e de destruição em vez de convivência humana de fraternidade e de solidariedade.

O Papa apesar de internado com as instâncias do Vaticano, têm sido vozes unidas a apelar ao “diálogo sincero pela paz”, mesmo sem condições prévias de qualquer tipo. Durante o internamento tem feito os agradecimentos pessoais a quem cuida dele e a quem reza no mundo inteiro pela sua saúde. No passado domingo o Vaticano divulgou uma foto do Papa Francisco, na Capela do Hospital de Gemelli em Roma, em momentos de oração, contemplação e reflexão, “agradecendo os cuidados e as orações por si”.

O Papa Francisco continua na sua frágil saúde, a mostrar gestos e palavras de bondade, de confiança e fé, verdadeiramente apaixonado por Jesus Cristo e com uma grande compaixão por todo o ser humano. É um profeta audaz e zeloso na defesa da vida humana, desde o momento da conceção até à morte natural, um pastor próximo de todos os que sofrem, tanto na Igreja como na sociedade. Atento aos momentos difíceis nas famílias, na Igreja, na escola, na sociedade, na catequese, na universidade, no trabalho, na política, nas relações públicas, sociais e internacionais e em lugares de decisões e de governo.

Na entrevista à Agência Ecclesia, o Cardeal Óscar Rodriguez Maradiaga, que orientou o Retiro Anual aos Bispos de Portugal, em Fátima, disse que “a voz do Papa Francisco é mais necessária do que nunca nos nossos dias”.

Muitos são os que concordam com esta afirmação e reconheço que é partilhada por muitos homens e mulheres da Igreja e do mundo.  Ele é uma presença indispensável, um sinal de esperança comparado a uma bússola, que no alto mar guia os marinheiros, que na barca assolada por grande tempestade perdeu o horizonte de sentido. O mundo assolado por ventos contrários e adversos do nascente, do poente, do norte e do sul são a maior preocupação da humanidade em busca de referências, mas a maior e mais luminosa é o Papa Francisco.

O seu ministério petrino, o serviço pastoral na Igreja e no mundo, continuam a ser  uma referência como cuidador universal, que leva luz e esperança a uma humanidade sofredora, fragilizada e marginalizada por tantas guerras. Rezemos pelo Papa Francisco, para que continue a ser esta sentinela vigilante na Igreja, presença reconfortante de Cristo, o Bom Pastor, o Bom Samaritano da humanidade sinal revelador do amor salvífico do Pai e do Espírito Santo.

Que a sua voz continue a fazer-se ouvir nos palácios, nos parlamentos, nos congressos, nas cortes, nos meios de comunicação social, nas barracas e nas trincheiras da guerra. O mundo e a Igreja continuam a precisar dele!

Confiantes vivamos a Quaresma em caminho de conversão, “Peregrinos de Esperança”, com desejo de ressuscitar na Páscoa de Jesus Cristo.

 

+ António Luciano dos Santos Costa, Bispo de Viseu

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