Octávio Carmo, Agência ECCLESIA
Há cinco anos, Bento XVI surpreendeu meio mundo e mais ao anunciar a sua decisão de renunciar ao cargo, um gesto raro que o distanciou das opções tomadas por vários dos seus predecessores. Passado este tempo, gostaria de retomar algumas reflexões sobre esse momento histórico.
Ainda hoje, a principal marca que recolho deste pontificado é a essencialidade. Bento XVI convidou, sem cessar, ao encontro com Jesus Cristo, à centralidade da fé na vida de todos os dias, ao regresso às origens para enfrentar os desafios do mundo de hoje.
O Papa emérito escolheu como um dos temas centrais do seu pontificado o combate ao relativismo e mostrou-se sempre muito atento à descristianização do Velho Continente, necessitado de uma “nova evangelização”. A sua batalha contra o relativismo não é apenas uma questão que diga respeito aos católicos, é uma questão de civilização, sobretudo para nós europeus.
Recordo ainda a obra sobre «Jesus de Nazaré», tema central do trabalho do teólogo e intelectual alemão, que se empenhou numa luta pela credibilidade religiosa e histórica do cristianismo.
Apesar de todas as tensões naturais num momento inédito, é justo dizer que dificilmente seria possível pedir alguém com maior capacidade para ocupar esta nova missão de ‘Papa emérito’ do que Bento XVI, como o próprio Papa Francisco não se tem cansado de repetir. Quanto ao resto, a história se encarregará de fazer justiça.