«As opiniões humanas vão e voltam. O que hoje é muito moderno, amanhã será velho» – Bento XVI, Vaticano, 07.11.2007
Bento XVI surpreendeu meio mundo ao anunciar a sua decisão de renunciar ao cargo, um gesto raro que o distancia das opções tomadas por vários dos seus predecessores. O anúncio foi acolhido sem grande contestação e muitos elogios por parte dos mais diretos colaboradores do Papa, numa questão particularmente sensível na história da Igreja Católica ao longo das últimas décadas.
O tempo é agora para balanços e muitos comentários se irão publicar por estes dias, pelo que neste momento fica o registo para o que mais me marcou neste pontificado: a essencialidade. Bento XVI convidou, sem cessar, ao encontro com Jesus Cristo, à centralidade da fé na vida de todos os dias, ao regresso às origens para enfrentar os desafios do mundo de hoje.
O Papa alemão escolheu como um dos temas centrais do seu pontificado o combate ao relativismo e mostrou-se sempre muito atento à descristianização do Velho Continente, necessitado de uma “nova evangelização”, como tinha vindo a defender, mas talvez não seja na própria Europa que se encontre a força necessária para essa renovação. A sua batalha contra o relativismo não é apenas uma questão que diga respeito aos católicos, é uma questão de civilização, sobretudo para nós europeus. Esse legado, venha quem vier, não pode ser perdido.
Octávio Carmo