O Papa apela a uma renovação radical do canto litúrgico e religioso

João Paulo II chamou a Igreja a empreender uma profunda renovação do canto litúrgico e da música na Missa e outras celebrações litúrgicas numa mensagem autografada dada a conhecer por ocasião do Centenário do Motu Proprio “Tra le sollecitudini” sobre a renovação da música sacra. Na carta, simbolicamente datada de 22 de Novembro – memória de Santa Cecília, padroeira da música sacra, o Papa indica que o centenário da Carta do Papa Pio X “oferece-me a ocasião de recordar a importante função da música sacra, que São Pio X apresenta tanto como meio de elevação do espírito a Deus, como preciosa ajuda para os fiéis na ‘participação activa dos sacrossantos mistérios e na oração pública e solene da Igreja”. João Paulo II enumera neste texto alguns princípios que considera fundamentais para a boa prática da música católica. Indica que “em primeiro lugar é necessário destacar que a música destinada aos ritos sagrados deve ter como ponto de referência a santidade”. “ A própria categoria de ‘música sagrada’ – adverte o Papa – sofreu hoje uma ampliação tal que inclui repertórios que não podem entrar na celebração sem violar o espírito e as normas da própria liturgia”. Outro princípio é “o da bondade das formas”. “Não pode haver música destinada às celebrações dos ritos sagrados que não seja primeiro ‘verdadeira arte’”, explica. O Papa destaca também o valor da inculturação na música litúrgica; mas indica que “toda a inovação nesta delicada matéria deve respeitar critérios peculiares, como a busca de expressões musicais que respondam ao necessário envolvimento de toda a assembleia na celebração e que evitem, ao mesmo tempo, qualquer concessão à superficialidade”. Em geral, diz a carta, o aspecto musical das celebrações litúrgicas “não pode ser deixado ao improviso, nem ao arbítrio dos indivíduos, mas deve ser fruto significativo de uma adequada formação litúrgica”. MÚSICA POPULAR E CANTO GREGORIANO João Paulo II reconhece o valor da música popular litúrgica, mas sobre elas afirma que “faço minha a ‘lei geral’, que São Pio X formulava neste termos: ‘Uma composição para a Igreja é tanto mais sagrada e litúrgica, quanto mais no ritmo, na inspiração e no sabor se apoia na melodia gregoriana, e tanto menos é digna do templo, quanto mais distante fica daquele supremo modelo”. João Paulo II afirma que hoje “não faltam compositores capazes de oferecer, neste espírito, a sua indispensável contribuição e sua competente colaboração para incrementar o património da música a serviço de uma Liturgia sempre mais intensamente vivida”. “Confio que as Conferências episcopais realizem cuidadosamente o exame dos textos destinados ao canto litúrgico e prestem especial atenção na avaliação e promoção de melodias que sejam verdadeiramente aptas ao uso sagrado”, conclui o Papa.

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