O ministério sacerdotal segundo D. José Policarpo “Sacerdócio e redenção: a encarnação do Verbo e o sacerdócio definitivo” foi o tema que o Cardeal Patriarca de Lisboa escolheu abordar nas Catequese Quaresmais de 2003. Esta opção surgiu, revela D. José Policarpo, “pelo facto de a Diocese querer celebrar o meu Jubileu Episcopal”. A noção fundamental que percorre toda a reflexão do Cardeal Patriarca é a de que “na Igreja há um único sacerdócio, o de Cristo, vivido sacramentalmente pela Igreja neste tempo de peregrinação”. D. José mostrou-se sempre consciente das dificuldades que esta definição poderia levantar e recordou que “ tendência para opor a qualidade sacerdotal de todo o Povo de Deus ao sacerdócio ministerial dos ministros ordenados é uma tentação velha do Povo de Deus, que tem na base um desvio de sentido: o considerar o sacerdócio, do Povo de Deus e dos ministros ordenados, numa lógica de poder e não na perspectiva do serviço.” Toda a Igreja é, assim, convidada a viver esta dimensão sacerdotal, enquanto “povo consagrado ao Senhor e novo templo” onde a santidade e a sua unidade habitam. “Devido à sua identificação com Cristo, a Igreja é um povo sacerdotal, exprimindo essa qualidade em toda a vida cristã, enquanto caminho de fidelidade e de santidade”, realçou D. José ao apresentar a ideia de “um povo sacerdotal” e não apenas de “um povo onde há sacerdotes”. A especificidade do ministro sacerdotal não fica, por isso, esquecida: consagrado pelo Baptismo, o ministro “recebe uma consagração específica para representar Cristo como Pontífice”. “O sacerdote só existe por causa da Igreja, porque Cristo ama a Igreja e quis fazer dele expressão sacramental desse amor”, afirmou D. José. A espiritualidade sacerdotal enquanto identificação total com os sentimentos de Cristo para “dar e comunicar a vida” esteve sempre presente no sue discurso. “A partir da morte de Cristo, vivida como sacrifício por Ele oferecido, a verdade de todo o sacerdócio, vivência sacramental do sacerdócio de Cristo, decide-se na relação dos sacerdotes com o sacrifício de Cristo, perpetuado na Eucaristia”, destacou o Cardeal Patriarca. Em tempos de carência de sacerdotes, D. José Policarpo assinalou as qualidades que definem o perfil sacerdotal: “servo das comunidades”, “obediente à vontade de Deus”, “generoso na entrega” e “fiel à Igreja”. As pessoas que reúnem esse perfil são um “Dom de Deus à sua Igreja”. Numa mensagem que repetiu aos jovens no Domingo de Ramos, D. José destacou a necessidade de “cultivar a disponibilidade para um chamamento” a esse mesmo sacerdócio. “Acredito profundamente que Deus continua a chamar e dará à Sua Igreja, em cada tempo, os padres de que ela precisa”, vincou o Patriarca, ao mesmo tempo que explicava que “discernir uma vocação não é só perceber o que é bom para mim, aquilo que eu quero e gosto de fazer na vida; é sobretudo perceber o que Deus quer de mim, se para além dos meus projectos”.