José Luís Nunes Martins
Meu querido,
Por mais tempo que passe, a felicidade que senti não deixa de ser minha. O meu coração não me deixa esquecer o tempo e os momentos em que a vida me encheu e de mim transbordou.
Hoje é difícil esta dor de ti, este passado que não passa, este presente em que o que mais se destaca é a tua ausência. E porque tenho a certeza de que também no futuro não te poderei abraçar… dói. Assim, só me resta esperar pela eternidade, para poder estar e ser contigo.
Não sou só eu: somos nós, contigo. O amor que me deste permanece em mim, e aquilo que, com amor, te entreguei já não voltará a ser meu. Sinto falta de mim contigo, da vida que tinha porque estávamos juntos. Tenho saudades de mim mesma, daquela que era quando estavas aqui.
E de sonhar… dos projetos que tínhamos, dos que concretizámos, dos que ficaram a meio, dos que não chegámos a começar e dos que não chegámos a sonhar… e esses nem me atrevo a querer imaginá-los sem ti comigo.
Só as minhas dores me doem, as dos outros são sempre muito fáceis de aguentar e dominar, porque não são minhas. Com a saudade, ainda é mais estranho, porque a sua causa não está, não se vê, por mais que se explique, nem mesmo quem quer acreditar em nós… chega a sentir um pouco dela, pelo que a saudade se torna ainda mais solitária.
Não é fácil viver nesta solidão a que a saudade nos condena.
Espera por mim!
(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)