O Programa Mundial de Alimentos (PAM) lançou um “Mapa mundi da fome”, indicando as regiões em que a tragédia -que atinge mais de 840 milhões de pessoas – é mais grave. O documento destaca a crise humanitária e o conflito armado no Sudão, a escassez de alimentos nas montanhas do Peru e a grave situação do Afeganistão, atingido pela guerra, pela seca e pela pobreza extrema. Além disso, destaca também a tragédia das inundações em Bangladesh e a escassez de alimentos na América Latina. O problema da fome atinge principalmente a África e o sul da Ásia. A América Latina responde por 6,5% dos indivíduos que passam fome: aproximadamente 55 milhões de pessoas. As Nações Unidas fizeram um apelo, solicitando 82 milhões de dólares à comunidade internacional, para dar assistência a mais de dois milhões de quenianos ameaçados pela fome. A Igreja Católica no país, por sua vez, também lançou seu alerta para a dramaticidade da situação: três milhões de pessoas podem morrer de fome no Quénia, se não for realizada uma acção de emergência. A época das chuvas foi bastante fraca este ano no Quénia. Em Abril e Maio, a seca nas principais áreas rurais fez com que as colheitas fossem as menos produtivas desde 1999. Com o fracasso da safra e com o preço do gado em baixa, as populações famintas voltam-se agora para a caça e para a produção e venda de carvão, como forma de conseguir dinheiro para comprar comida. As paróquias estão a auxiliar as populações mas as reservas de mantimentos estão a esgotar-se”, alertou o Pe. Rafael Mangiti, em entrevista à Fundação “Ajuda à Igreja que Sofre”. O missionário gere um centro pastoral na cidade de Karungu, perto do lago Vitória. O centro foi inaugurado o ano passado e foi financiado pela Fundação. Nos últimos meses muitas pessoas têm procurado o centro, mas para pedir algo para comer. “As pessoas estão constantemente a bater à nossa porta para pedir ajuda, mas a este ritmo não teremos nada para lhes dar”, lamenta. Esta situação repete-se em várias regiões do país, levando o clero queniano a pedir ajuda aos seus bispos. Foram distribuídos mantimentos pelas paróquias para dar assistência às populações famintas, mas as reservas de mantimentos deverão esgotar-se dentro de poucos meses. “Estamos a apelar desesperadamente por ajuda”, afirmou o Pe. Mangiti.