Saudação do Cardeal Crescenzio Sepe na Peregrinação dos Missionários da Boa Nova Excelentíssimo Núncio Apostólico, Excelentíssimo Secretário da Conferência Episcopal Portuguesa, Irmãos no Episcopado, querido P. António José da Rocha Couto, Superior Geral da Boa Nova, queridos Missionários da Boa Nova, irmãos e irmãs, obrigado pela fraterna acolhida que hoje vocês oferecem a este peregrino, nesta terra beijada pela presença de Maria. Permitam-me, primeiramente, que os saúde com afecto em nome do Santo Padre e lhes transmita a sua bênção. A Bento XVI, à sua pessoa e a seu magistério, vai a nossa sincera devoção e a nossa adesão filial. É motivo de profunda alegria estar hoje com vocês, nas celebrações conclusivas de seus 75 anos de fundação, e poder encontrar também os missionários que foram enviados ad gentes para serem testemunhas e anunciadores de Jesus. Nosso encontro reforça a comunhão e nos sustenta na missão de anunciar a Boa Nova, missão que nasce da fé em Jesus Cristo – da mesma vida de Deus em nós — e que Ele nos confiou por meio da sua Igreja. É muito significativo, queridos irmãos, que nosso encontro se realize aqui, em Fátima, onde os pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia ouviram por três vezes a palavra do Anjo, “Penitência, penitência, penitência!”, um grito que evoca com força as mesmas palavras do Nosso Senhor no inicio do Evangelho: “Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Com sua solicitude materna, a santíssima Virgem veio aqui para pedir aos homens que se convertessem, que “não ofendessem mais a Deus, nosso Senhor, que já foi muito ofendido”. Aqui, Nossa Senhora falou com voz e coração de Mãe, recordando ao homem que sua meta última é o céu, onde o Pai, que espera a todos, quer que nada se perca, e “que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2, 4). Amados irmãos e irmãs, do ardente desejo do Episcopado português, que todos os homens escutaram e acolheram a Boa Nova da Salvação, nasceu esta Sociedade de Missionários ad vitam, um carisma específico na Igreja, que João Paulo II na Encíclica Redemptoris missio, definiu como o “paradigma do compromisso missionário da Igreja” (n. 66). Uma vocação especial, particular, que, ao mesmo tempo, constitui o “modelo” de toda a obra evangelizadora da Igreja. Sim, queridos missionários da Boa Nova, vocês são, nos países onde se encontram, e certamente também em Portugal, “exemplo, modelo, paradigma”, da actividade missionária da Igreja. Rendamos homenagem ao valente labor evangelizador desempenhado por tantos missionários da Boa Nova, nestes seus primeiros setenta e cinco anos de vida, pois a história testemunha sua generosidade e sua capacidade missionária sem igual. Damos graças, ainda, pelo intenso labor de animação da dimensão missionária da vocação sacerdotal e da vida consagrada que realizam em Portugal, e, também, pelos frutos concretos de cooperação missionária obtidos, tanto nos meios espirituais, materiais e, sobretudo, pessoal. Reconheçamos, no entanto, que diante do “ilimitado” horizonte da missão universal, ainda nos falta muito por fazer!, que “a missão do Redentor confiada à Igreja, ainda está longe de cumprir-se” (Redemptoris missio, 1). Sim, amadíssimos irmãos, estou convencido de que a Igreja em Portugal pode oferecer muito mais do quanto, com grande generosidade, realizou até agora pela missão ad gentes. Hoje, mais do que nunca, o mundo necessita de homens e mulheres que sintam em seus corações, como um fogo, o urgente convite do Apóstolo, “ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!” (1 Cor 9, 16). Não posso, portanto, não servir-me desta ocasião para estimulá-los a reafirmar com vigor a primazia do anúncio de Jesus Cristo (cf. Redemptoris missio, 44) aos que não crêem e aos povos que, todavia, não conhecem sua Pessoa. Esta é, de fato, sua tarefa pastoral prioritária e para ela deverão dirigir todos os seus recursos. Agindo deste modo, darão a resposta definitiva, plena, ao desejo que todo homem leva inscrito em seu coração de conhecer o sentido profundo de sua existência, da verdade sobre o mistério do mal, do pecado e da morte, e, sobretudo, da revelação de Deus, do Amor e da salvação que Ele nos oferece em seu Filho Jesus Cristo (cf. Redemptoris missio, 8). Queridos irmãos, hoje como ontem, são chamados a evangelizar na vanguarda da missão, nas regiões mais difíceis do mundo, anunciando gratuitamente o Evangelho e os dons de Deus. Ânimo Portugal!, no início do terceiro milénio, não pode nem deve ficar para trás na obra evangelizadora universal, nem esquecer sua gloriosa tradição de País missionário. Reavivem a graça de sua vocação e intensifiquem, fiéis ao carisma originário, seu caminho rumo à missão ad gentes. Que em sua tarefa siga sendo de inspiração e de sustento a Mãe de Jesus: a Virgem Missionária de Fátima. N’Ela, contemplamos a Virgem evangelizada e evangelizadora, constantemente unida a seu Filho em sua missão redentora, “modelo daquele amor materno, com o qual devem ser animados todos os que, na missão apostólica da Igreja, cooperam para a regeneração dos homens” (Lumen gentium, 65). Obrigado. Obrigado a vocês, missionários incansáveis da Boa Nova, que à missão consagraram toda a sua vida; vocês constituem nosso gozo, nossa esperança, o exemplo radical, total, sem limites. Que Deus os abençoe! Ad multos annos! Muito obrigado! Fátima, 18 de Junho de 2005 Crescenzio Card. Sepe