Caritas Internacional pede ajuda e Colin Powell revela que muitas pessoas podem morrer se a situação não mudar drasticamente O secretário de Estado norte- americano, Colin Powell, definiu como “genocídio” a crise humanitária na região sudanesa de Darfur, onde as milícias pró- governamentais Janjawid causaram a morte a mais de 50.000 pessoas. Powell apresentou ao comité para as Relações Externas do Senado um relatório sobre a situação em Darfur, numa altura em que os Estados Unidos pressionam as Nações Unidas para que o Conselho de Segurança aprove um projecto de resolução a ameaçar Cartum com sanções, caso não tome medidas para acabar com a acção das milícias. Algumas organizações de ajuda activa na região ocidental de Darfur (Sudão) e no Chade pediram aos governos de França, Itália e Japão uma maior generosidade na resposta à tragédia que assola essa região africana. A petição aos governos citados pede um auxílio urgente – refere um comunicado da «Caritas Internacional». A nota da organização católica afirma que no final de Agosto a ONU informou que havia recebido somente metade dos fundos necessários para ajudar os que fugiram da violência em Darfur. Ainda que as agências tenham longa experiência de trabalho no Sudão, “a situação em Darfur é particularmente assustadora” – aponta «Caritas Internacional». “Milhares de pessoas foram desabrigadas e agora enfrentam a fome e a enfermidade” – adverte. “Cometeu-se um genocídio” na região oeste do Sudão, afirmou o secretário de Estado numa dura declaração perante os senadores, em que alerta para o facto de dezenas de milhares de pessoas terem morrido e “muitas mais” poderem “não chegar ao fim do ano” se a situação não mudar “drasticamente” – revela Powell. As milícias Janjawid, de etnia árabe e aliadas do governo islâmico de Cartum, devem cessar os ataques na região, onde grupos rebeldes cristãos e animistas se insurgiram contra as autoridades e “o governo deve acabar com a sua cumplicidade nestes ataques” – instou Powell. Até ao momento, e apesar das exigências da comunidade internacional e das promessas do governo de que tomará medidas, “não se registaram progressos no desarmamento” dessas milícias, assinalou. A ONU “pediu 531 milhões de dólares para levar com êxito o seu trabalho em Darfur e no Chade, dos quais se colheram 276 milhões. Ainda são necessários 255 milhões” – aponta «Cáritas». 35 mil mortos e dois milhões de desabrigados internos são os números da tragédia originada pelos combates que desde Fevereiro de 2003 envolvem grupos rebeldes populares de autodefesa e o governo de Cartum. O Sudão produz actualmente 320.000 barris diários de crude nos seus campos petrolíferos do sul, que exporta basicamente para a China e para o Paquistão, os dois membros, de um total de 15 do Conselho de Segurança, que se opõem às sanções. No projecto de resolução, pede-se também às autoridades sudanesas que elaborem uma lista com os nomes dos membros das milícias Janjawid já desarmados para que sejam detidos e julgados pelos crimes que cometeram. Entretanto, o ministro das Finanças sudanês, Ahmed Hassan al- Zubeir, que falava à margem da cimeira extraordinária da União Africana (UA), que termina ontem, dia 9 de Setembro, em Ouagadougou, capital do Burkina Faso, respondeu já aos Estados Unidos, considerando que a questão de Darfur é um “problema tribal interno”. “Esta é mais uma forma de pressão contra o governo sudanês por parte dos Estados Unidos e dos governos ocidentais, o tipo de pressões políticas que mostra que os Estados unidos não são amigos do Sudão”, afirmou o ministro.