O Futuro do Trabalho

Declaração de Guimarães Por iniciativa da Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos (LOC/MTC), reuniram-se em Guimarães trabalhadores de todo o país para debaterem o «Futuro do Trabalho». Num contexto sócio-económico marcado pelo desemprego estrutural crescente e pela precarização do trabalho que ameaçam a dignidade da pessoa, a subsistência das famílias e a própria coesão da vida social, provocando o aumento da pobreza e da exclusão social, trabalhadores reunidos no Pavilhão Multiusos em Guimarães declaram publicamente: 1. Acreditamos no emprego qualificado, na inovação e na criatividade • Todos têm o direito de exercer uma actividade profissional justamente remunerada. • É necessário que o Estado, as empresas e as famílias apostem forte na educação, na formação e qualificação das pessoas ao longo da vida bem como na certificação de competências, para que os trabalhadores possam estar preparados a fim de responder aos novos desafios do futuro do trabalho. • Apostamos nos dinamismos económicos apoiados em experiências desenvolvidas pelas universidades que, sem explorarem o trabalhador e estando ao serviço da comunidade, fomentem a qualidade e a produtividade através da investigação, da inovação, do conhecimento e da criatividade. • É necessário conjugar a aposta em novos produtos e serviços como a agricultura biológica, as energias renováveis, o turismo, a saúde, as tecnologias da comunicação e os serviços à comunidade com a reconversão daqueles que são tradicionais, como os têxteis e a metalurgia. 2. Reafirmamos, por esta ordem, a dignidade do trabalhador e do trabalho • O trabalho foi feito para o homem e não o homem para o trabalho. Por isso, ele nunca é instrumento mas sempre o sujeito e o fim do trabalho. • O trabalho digno que respeita os direitos dos trabalhadores faz de cada ser humano um ser mais feliz, um agente da esperança, da inovação e da partilha de saberes que, completando a Obra do Criador, o coloca ao serviço da edificação de um mundo novo, onde possam jorrar a paz, a justiça e a fraternidade. 3. Promovemos uma solidariedade efectiva e aberta • A solidariedade realiza-se quando todos os seres humanos participam do conjunto dos bens disponíveis, entre os quais está o trabalho. O trabalho tem futuro se os saberes, os meios, as funções e os tempos de trabalho forem partilhados por todos. • Acreditamos que podemos contribuir para uma nova ordem mundial através de uma solidariedade aberta e do fomento da participação e da organização dos trabalhadores na busca de soluções criativas e duradouras. • Os trabalhadores continuarão a combater corporativismos instalados e a defender a humanização da economia, a erradicação das desigualdades de rendimentos e de poder, mantendo- se abertos a uma cooperação leal e transparente com todos os que comungam deste ideal. 4. Pelo trabalho digno, lutamos por uma sociedade de maior justiça social • Os trabalhadores comprometem-se a dar o seu empenhado contributo na procura de políticas que conduzam a uma sociedade geradora de empregos dignos e, por isso, inclusiva, que promova a justa distribuição da riqueza, de modo a que se tornem na pedra angular de uma sociedade mais justa, equitativa, democrática e participativa. • Reafirmam ainda que trabalho digno implica a igualdade entre mulheres e homens, acesso a serviços públicos de qualidade, protecção social e reformas decentes. A LOC/MTC – Movimento de Trabalhadores Cristãos convida todos os trabalhadores a assumirem o compromisso lúcido e responsável, de continuarem a desenvolver acções com todos os outros trabalhadores e suas organizações, dando, deste modo, o seu contributo para o Desenvolvimento Global, Humano e Sustentado que leve à globalização da Esperança e da Solidariedade. Também em Portugal a esperança é possível, porque em cada ser humano reside a ternura e a força transformadora para gritar bem alto que o amanhã é de todos com mais Emprego, Dignidade, Justiça e Solidariedade. Guimarães 21 de Maio de 2006 LOC/MTC

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